Ron DeSantis continua a dar que falar rumo a uma presumível candidatura à nomeação republicana para as eleições presidenciais de 2024. Esta quarta-feira, o ainda governador da Florida assinou uma lei estatal que proíbe o acesso de jovens trasgénero a cirurgias, medicamentos e terapias hormonais, e limita ainda o acesso a tratamentos para adultos transgénero.

O novo diploma proíbe os profissionais de saúde de fornecerem fármacos ou realizarem procedimentos cirúrgicos de mudança de género a membros da comunidade trans com menos de 18 anos. Ao mesmo tempo, levanta novos obstáculos a adultos que requeiram estes cuidados de saúde e que passam agora a ter de obter uma autorização por escrito junto do Conselho de Saúde estatal.

O diploma tem sido criticado por ir contra o consenso generalizado da comunidade médica, que defende o acesso a tratamentos apropriados para a comunidade trans que, nalguns casos, podem salvar vidas. No entanto, muitos conservadores olham para estes tratamentos como perigosos e experimentais, equiparando o seu uso em crianças e jovens a práticas de abuso sexual.

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Esta visão foi ecoada por DeSantis que, aquando da assinatura do diploma, se congratulou com o facto de que este iria proibir a “mutilação de menores”.

“Eles estão a tentar fazer operações de mudança de sexo em menores, a dar-lhes bloqueadores hormonais e a fazer-lhes coisas irreversíveis”, afirmou o governador a propósito das operações cirúrgicas em menores (que são extremamente raras, e acontecem apenas após um longo período de acompanhamento médico).

DeSantis criticou ainda estados que, nas suas palavras, “encorajam” menores a mudar de género sem consentimento parental. “Temos mesmo alguns estados neste país que querem ser um porto de abrigo para este tipo de procedimentos, e que até recebem de braços abertos jovens sem o consentimento dos pais deles”, disse. “Nós aqui, está claro, estamos a fazer o contrário”.

A comunidade médica já se mostrou apreensiva quanto à adoção das novas medidas, havendo quem acredite que as ações do executivo estatal correm o risco de misturar política e saúde. “Esta proibição ameaça os cuidadores de saúde com penas criminais apenas por fazerem o seu trabalho, e vai tornar mais difícil a jovens transgénero obterem cuidados de saúde essenciais”, defendeu Marci Bowers, presidente da Associação Mundial de Profissionais para a Saúde Transgénero.

Apesar das reservas, o novo diploma tem apoio junto da base mais conservadora do Partido Republicano, quer na Florida quer a nível nacional. Esta e outras “guerras culturais” têm sido um dos focos de DeSantis, apontado por muitos como o mais forte adversário de Donald Trump nas primárias norte-americanas. Vários analistas esperam que, agora que a sessão legislativa do estado da Florida terminou (a 5 de maio), o político de 44 anos anuncie oficialmente a sua candidatura à nomeação republicana para as presidenciais nas próximas semanas.

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