A saída de José Weber Gameiro, que foi administrador financeiro durante três meses na TAP, foi justificada por Miguel Cruz, ex-secretário de Estado do Tesouro, pelo facto de o gestor considerar que não tinha condições para lidar com a pressão de um cargo que, no seu entender, tinha risco elevado.

O CFO saiu em setembro de 2021, três meses depois de ter sido nomeado, “por considerar pessoalmente que não tinha condições para lidar com a pressão que estávamos a ter”, especialmente perante a expectativa da proximidade da data de aprovação do plano de reestruturação da TAP que veio a ser adiada.

Na comissão parlamentar de inquérito, o ex-administrador financeiro da TAP, João Weber Gameiro, justificou a sua renúncia ao cargo na TAP pela ausência de um contrato de gestão e de um seguro corporativo que desse proteção legal à sua atuação como gestor.

Ex-administrador financeiro da TAP saiu ao fim de três meses por falta de seguro e de contrato de gestão

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Miguel Cruz insiste que foram razões pessoais de falta de capacidade para lidar com a pressão associada às decisões que tinha de tomar, enquanto administrador financeiro. “A razão objetiva é não ter condições pessoais para aguentar a pressão.”

Confrontado com uma versão diferente (segundo Paulo Moniz) dada pelo próprio na inquirição da semana passada, o ex-governante reconhece que as razões foram ampliadas pela insuficiência do seguro corporativo para cobertura legal de decisões de gestão. Mas lembra que Weber Gameiro foi o único dos administradores a sair por causa disso, “porque a sua leitura de risco não lhe permite continuar”.

Então foi uma mentira? “Não. Ele fez ligação ao contrato de gestão por causa da ausência do seguro”. Miguel Cruz indica que explicou que era uma situação transitória até ter o plano de reestruturação aprovado. O Estado até estaria disponível para dar conforto acionista em algumas situações, mas não para substituir uma seguradora e dar seguro aos administradores da TAP. Essa avaliação jurídica foi feita e concluiu-se que não havia cobertura legal e era inviável. “Isso foi explicado e João Weber Gameiro considerou pessoalmente que, na avaliação de risco que fazia, não tinha razões para continuar. Foram razões pessoais e imprevisíveis”, garante o ex-secretário de Estado, retomando as explicações comunicadas então ao mercado.

Filipe Melo, deputado do Chega, insiste na questão. E Miguel Cruz volta a dizer que Weber Gameiro “sai por uma avaliação pessoal que não é aplicada aos outros membros. É minha interpretação que não tinha motivos para fazer a avaliação que fez. Não sai por não ter seguro, aliás ele tinha seguro, mas pela sua interpretação do risco associado ao seguro que é diferente dos outros elementos”. Volta a referir que “tem a ver com o nível de assunção de risco”. Em resposta a Filipe Melo, recorda as palavras que Weber Gameiro disse no inquérito.