Oscar, uma tempestade completamente anormal para esta época do ano vai trazer chuva, muita chuva, na próxima terça e quarta-feira a todo o país. O IPMA chama-lhe uma “depressão complexa”, que se vai situar sobre os Açores primeiro, descer para a Madeira depois, e a seguir aproximar-se do Continente por sudoeste.

E deverá provocar estragos por onde passa: episódios severos e extraordinários de precipitação nas ilhas, criando os chamados ‘rios atmosféricos’, logo a partir de segunda-feira, que previsivelmente chegarão no dia seguinte a todo o território nacional.

O grupo Oriental dos Açores estará sob aviso laranja das 21h00 de segunda-feira às 9h00 de terça, com precipitação forte que pode ser acompanhada de trovoada.

A tempestade, que foi batizada apenas este domingo pelo AEMET, serviço de meteorologia espanhol, trata-se de um fenómeno raro e anómalo. Não que seja incomum este tipo de depressões nestas latitudes. Mas são muito invulgares nesta altura do ano, quando o anticiclone dos Açores já costuma estar localizado de forma a fazer uma barreira que impede que o mau tempo chegue a tão baixas latitudes e permite que o calor já se faça sentir com o aproximar do verão.

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O IPMA já colocou em alerta vermelho várias regiões da Madeira a partir das 15h00 desta segunda-feira e até às 15h00 de terça. A tempestade deverá ter igualmente forte impacto nas Canárias, antes de se deslocar para a Península Ibérica.

Sete distritos do continente sob aviso amarelo e Madeira com regiões em vermelho 2.ª feira

A complexidade da depressão, de acordo com o IPMA, deve-se ao facto de estar associada ao tal fluxo de sudoeste que transporta uma massa de ar quente e com elevado conteúdo em vapor de água — traduzindo, o tal possível ‘rio atmosférico’.

De acordo com os atuais modelos, haverá uma intensificação do vento logo na terça, dia 6, e chuva generalizada a partir da madrugada de quarta, dia 7, que poderá prolongar-se ao longo da semana. As previsões apontam para para que a tempestade suba para Norte e vá perdendo intensidade, mas deixe o seu rasto pelo menos até sábado, dia 10 (dia de Portugal). Mas ainda é cedo para dar garantias de como evolui a tempestade, devido à incerteza sobre a deslocação deste tipo de sistemas, que muitas vezes mudam de rota ou, simplesmente, dissipam-se no Atlântico.

O feriado de dia 8 (dia de Corpo de Deus, quinta-feira), que permite uma ponte (para alguns até duas, porque na terça seguinte é dia de Santo António, feriado municipal em muitas cidades do país), será seguramente ainda chuvoso, e a instabilidade meteorológica deve estender-se até pelo menos dia 15.  Ou seja, vamos para mais uma semana de chuva acima do normal para esta época do ano, em que a anomalia da precipitação total vai manter-se acima da média em todos os distritos, que, é preciso lembrá-lo, estão ainda em seca (alguns, de forma severa).

Mas as temperaturas vão subir. E, em média, ficar mais altas do que é habitual para a primeira metade de junho. As máximas devem atingir valores que vão variar entre os 19 e os 34°C ao longo da semana e as mínimas andarão entre os 9 e os 20ºC.

É que esta depressão a sudoeste permite a passagem de uma massa de ar ligeiramente mais quente vinda de sul, que aquecerá as várias camadas da atmosfera. Não vamos voltar à caloraça de abril, até porque as nuvens e as trovoadas ainda estão para ficar, e em muitas regiões as temperaturas vão manter-se apenas amenas. Mas voltaremos a estar com dias acima dos 30ºC (zonas de Santarém e Vale do Guadiana) e noites quase tropicais (no Algarve).

* texto atualizado com o nome da tempestade, conhecido já este domingo