Uma auditoria feita pela consultora EY à TAP revela que a companhia aérea pagou 8,5 milhões de euros a 13 administradores. A informação foi adiantada esta quarta-feira pelo deputado da Iniciativa Liberal, Bernardo Blanco, durante a audição ao ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes.

O deputado da IL questionou Hugo Mendes sobre outras saídas de administradores, além de Alexandra Reis, e confrontou o ex-governante com números que terão origem na auditoria da EY pedida pela TAP sobre estes casos.

De acordo com os dados referidos pelo deputado, entre 2019 e 2022 saíram 13 administradores com um total de 8,5 milhões de euros, incluindo já Alexandra Reis.

Os dados da auditoria pedida pela TAP, e citada pelo deputado da IL, apontam para indemnizações, prémios e prestações de serviços de 9,3 milhões de euros pagos a 14 ex-gestores, uma lista que inclui Fernando Pinto cujo contrato de prestação de consultoria no valor de 1,6 milhões de euros, e já muito falado nesta comissão de inquérito, terminou em 2020. Também Antonoaldo Neves ,que foi demitido em 2020 logo após o Estado ter assumido o controlo, estará neste levantamento. Tal como Threy Urbhan, o administrador/diretor que recebeu uma pré-reforma até 2022 que custou à TAP 1,6 milhões de euros.

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As outras “Alexandras Reis” que até receberam mais, mas ficaram fora do radar e dos relatórios da TAP

Hugo Mendes disse desconhecer tais casos e garantiu não ter dado autorização para mais pagamentos a administradores. A maioria dos casos aconteceu durante a gestão privada e o ex-secretário de Estado assumiu funções em 2020 e estava “focado no futuro da empresa”.

Bernardo Blanco disse ainda que no mesmo período saíram da TAP quase 300 pessoas que receberam indemnizações superiores a 100 mil euros, totalizando cerca de 44 milhões de euros. Entre 2015 e 2023 saíram 5083 pessoas, dessas 3654 receberam na saída e destas 296 pessoas receberam mais do que 100 mil euros.

Hugo Mendes notou que nunca fora alertado para essa situação, acrescentando que o então chairman da TAP, Miguel Frasquilho, se tinha queixado por vezes de que havia pouco reporte por parte da comissão executiva, o que dificultava o controlo por parte dos acionistas nomeados pelo Estado. Hugo Mendes falou mesmo de um “poder bastante amplo para tomar decisões” por parte da comissão executiva de Antonoaldo Neves.

O deputado insistiu, estranhando que o Governo não tenha dado conta destes pagamentos, e lembrou que o Estado teve a maioria do capital da TAP desde a segunda metade de 2020. E que metade dos casos identificados pela EY aconteceu a partir de 2020. Ou seja, não foi apenas durante a gestão privada, insistiu.

Hugo Mendes garantiu não conhecer o relatório da EY, que é recente, mas defendeu que se deve separar as indemnizações das rescisões negociadas no âmbito do plano de reestruturação. E “acharia muito estranho que alguma tivesse sido paga depois de o Estado assumir o controlo em 2020.”

Os dados citados pelo deputado da IL apontam para 296 pessoas que receberam mais de 100 mil euros num total de 44 milhões, dos quais 41,5 milhões correspondem ao período entre 2021 a 2023.