O ministro da Educação, João Costa, atribuiu aos rankings das escolas divulgados pela comunicação social um estatuto de “operação comercial”, ao hierarquizarem estabelecimentos de ensino em função dos resultados dos exames, ignorando variáveis de contexto socioeconómico.

“Olho para a escola que aparece num dos rankings no último lugar, a Escola Secundária da Baixa da Banheira. Essa escola tem uma percentagem de alunos de 70% com Ação Social Escolar, tem uma percentagem de alunos migrantes elevadíssima e o trabalho que essa escola faz para garantir que aqueles alunos que recebem, sem condições em casa, que muitas vezes chegam à escola com fome, chegam à conclusão do ensino secundário, requer um esforço muito maior do que pegar numa elite de alunos muito privilegiados, que têm uma série de recursos que pagam explicações etc… e levá-los a melhores resultados”, defendeu João Costa, em entrevista à RTP.

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Para o ministro, o maior desafio que se coloca aos sistemas educativos a nível mundial é melhorar a condição socioeconómica das famílias: “Infelizmente continua a ser o contexto familiar e a condição socioeconómica das famílias o principal preditor do sucesso ou do insucesso e essa deve ser a nossa grande batalha”.

O Ministério da Educação tem divulgado outros indicadores de contexto, a par dos resultados dos exames. João Costa destacou que algumas das escolas que surgem nas posições mais elevadas do ranking são as que “pior desempenham em termos de equidade”.

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“Vemos que há sempre um hiato entre os resultados dos alunos mais favorecidos e dos alunos menos favorecidos, mas que lentamente os resultados dos alunos mais desfavorecidos têm vindo a subir”, declarou.

Instado a fazer um balanço do ano letivo, João Costa admitiu preocupação com a instabilidade que as escolas viveram, devido às questões que opõem ministério e sindicatos, referindo que não conseguindo responder a “todas as legítimas aspirações dos professores”, foram dados passos nas negociações entre as partes e admitiu que há ainda matérias a negociar com as organizações sindicais.

No top 50, há três escolas públicas. Os alunos com melhores médias no secundário continuam a ser os do colégio de Belmiro de Azevedo