Nunca é fácil perder. Em qualquer cenário, em qualquer contexto, nunca é fácil perder. No entanto, e entre essas derrotas, há algumas que custam mais. Foi isso que Messias Baptista sentiu, quando tinha todas as condições para ganhar a primeira medalha para a canoagem nos Jogos Europeus mas terminou a final A do K2 500 com João Ribeiro na quarta posição apenas a 15 milésimos de segundo do bronze e a 45 da prata. A frustração foi grande, a resposta ainda melhor. E se a tarde de quinta-feira não deixou saudades, o dia de sexta-feira ficará para sempre na memória com a vitória e medalha de ouro na final A de K1 200.

“A sensação é de frustração total. O quarto lugar é o pior lugar de todos, ainda por cima tão perto do terceiro e do segundo. Merecíamos a medalha. Trabalhámos muito. O desporto é assim. Temos de nos levantar disto para no Mundial atacarmos com mais força e não falhar nada”, tinha admitido Messias Baptista depois do K2 500, a grande aposta do canoísta para este ano de 2023. “O impulso final com uma remada mais cedo pode ter comprometido o pódio, provavelmente se fosse uma a seguir daria. Mas é assim que funciona, agora já não há nada a fazer”, acrescentou ainda o atleta que pertence ao Benfica, tal como João Ribeiro.

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Ali não havia mesmo nada a fazer, na final de K1 200 havia. Havia e muito. E desde o início da final, que se realizou poucos minutos depois da conquista da medalha de bronze por Francisca Laia na mesma distância, que Messias Baptista se mostrou apostado em “vingar” o insucesso da véspera, liderando desde cedo a prova e terminando ainda mais forte perante a reação dos adversários, ganhando com o tempo de 36.845 à frente do experiente sueco Petter Menning (37.179) e o letão Roberts Akmens (37.189).

Uma estreia para mais tarde recordar: Francisca Laia e Messias Baptista sagram-se vice-campeões mundiais em K2 200 mistos

Esta foi assim a terceira medalha de Portugal nestes Jogos Europeus de Cracóvia-Malopolska, depois dos bronzes de Ana Cruz (karaté) e Francisca Laia, atleta com quem ganhara a medalha de prata na nova prova de K2 200 mistos que se realizou nos Campeonatos do Mundo de Copenhaga, em 2021. Antes, Messias Baptista já tinha feito alguns pódios em K2 500 com o companheiro João Ribeiro em Taças do Mundo.

“Momento mais alto da carreira? Sem dúvida que é o mais alto. Sabe bem depois da prova muito boa do K2 500 [com João Ribeiro], que infelizmente não caiu para nós. Hoje consegui vingar-me e levar algo para casa. É surreal. Foi uma prova fantástica. Competir em 200 metros é surreal, incrível. Adoro esta adrenalina de estarmos nove atletas a dar tudo por tudo até à meta. Acordei com o feeling que hoje dava. Consegui sair bem, um meio da regata bom, senti-me rápido e competitivo. Acabar, olhar para o lado e ver que sou campeão da Europa, ganhei os Jogos Europeus! Ainda não estou em mim…”, referiu à agência Lusa.