O primeiro-ministro considera Álvaro Siza Vieira uma “grande figura da arquitetura”, destacando o seu “rigor e exigência” e obras como o Pavilhão de Portugal na Expo 98, em Lisboa, e o Bairro da Malagueira, em Évora.

A Casa da Arquitetura, em Matosinhos, está este domingo a celebrar o 90.º aniversário do arquiteto Álvaro Siza Vieira com a exibição de “Siza”, um documentário de uma hora sobre o seu lado mais pessoal. Através de uma mensagem vídeo, o líder do executivo lamenta não ter a possibilidade de estar presente na Casa da Arquitetura, em Matosinhos, “para dar um abraço de parabéns a Siza Vieira pelos seus 90 anos”.

António Costa, no entanto, refere que o seu vídeo foi gravado no Bairro da Malagueira, em Évora, que é considerado “uma das suas obras mais emblemáticas” e que constituiu “um momento marcante”. “Um momento marcante da transformação da vida nacional e onde a arquitetura ajudou a marcar a vida do país. Dessa forma ajudou também a projetar a obra de Siza Vieira e a arquitetura portuguesa em todo o mundo”, sustentou.

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De acordo com António Costa, Siza Vieira “é obviamente uma grande figura da arquitetura”, dizendo, depois, que teve a oportunidade de com ele trabalhar por duas vezes. “A última quando pudemos terminar o seu projeto do Bairro do Chiado com a conclusão do Pátio B e sua abertura e ligação aos terraços do Carmo. Mas foi precisamente há 25 anos que o conheci com a conclusão da fase final da Expo 98”, referiu.

O primeiro-ministro observa depois que Siza Vieira “tem a fama de ser um arquiteto difícil”. “Posso testemunhar que é um arquiteto rigoroso e exigente, muito cioso da sua obra e da forma como os outros pretendem intervir sobre a sua obra. Isso às vezes é difícil para os outros, mas é seguramente uma garantia da qualidade da arquitetura do arquiteto de Siza”, advogou.

Neste contexto, recorda uma conversa de cinco horas que teve com o arquiteto sobre como a varanda do Pavilhão de Portugal poderia ser franqueada ao público.

“Foi um debate interessante e que se resolveu de uma forma tão boa que ainda hoje lá está, com uns sóbrios e delicados fios de aço, com uns pequenos prumos que permitem com segurança o acesso a essa varanda magnífica, que é uma das grandes peças arquitetónicas que a Expo legou e onde a pala é um gesto arquitetónico absolutamente maravilhoso”, afirma.

António Costa diz que ainda não perdeu a esperança de voltar a trabalhar com Álvaro Siza Vieira. “Sei que seguramente vamos poder contar com o arquiteto Siza por muitos e bons anos, com a sua criatividade, com o seu traço único, exigente, com aquele jogo da mão que pega na caneta e a outra que segura o cigarro. Continue a ser difícil, porque é muito boa a sua exigência e rigor para a qualidade da arquitetura”, acrescenta.

Do realizador Augusto Custódio, o documentário “Siza”, hoje exibido na Casa da Arquitetura, pretende ser uma viagem à mente do arquiteto português, mostrando o seu lado mais pessoal, nomeadamente a sua infância, a relação com a esposa, a paixão como escultor e a admiração pela música clássica.

O documentário tem a duração de uma hora e conta com a participação de amigos e pessoas mais próximas do arquiteto, como Álvaro Leite Siza, Carlos Castanheira, Henrique Siza, Luís Pedro Martins, Nuno Ladeiro, Nuno Sampaio, Pedro Siza, Eduardo Souto de Moura e Tereza Siza, que revelaram detalhes sobre a personalidade e a carreira profissional do primeiro prémio Pritzker português.