Foi em 2007, para substituir um Simão Sabrosa que tinha acabado de sair para o Atl. Madrid, que Ángel Di María chegou ao Benfica. Com apenas 19 anos, o jovem argentino aterrou numa equipa encarnada que viu Fernando Santos ser despedido ainda em agosto e substituído por José Antonio Camacho, também ele despedido em março. Ainda assim, era o início de uma história bonita: que fez com que Di María, três anos depois e com um Campeonato e duas Taças da Liga no bolso, merecesse um salto para o Real Madrid.

16 anos depois, num segredo que já ninguém se esforça para guardar, o argentino é um jogador livre e está muito perto de regressar ao Benfica. Antes disso, aproveitou para dar uma entrevista ao programa “Llave a la eternidad”, da argentina Televisión Pública, e recordou precisamente o momento em que decidiu deixar o Rosario Central e rumar à Europa para representar os encarnados.

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“Quando fui para Portugal, para o Benfica, não queria ir sozinho. Disse à minha família que, se não viesse comigo, eu não ia. Era a mudança, poder dar esse salto que os futebolistas tanto desejam, e esse salto era com a minha família. Podia dar uma vida melhor aos meus pais e disse-lhes que se viessem comigo não tinham de trabalhar mais, dependia tudo de mim. Disse-lhes que ia fazer todos os sacrifícios para poder dar-lhes uma boa vida, pedi que estivessem comigo a apoiar-me como tinham feito desde pequenino”, contou Di María, que depois de quatro temporadas (e uma Liga dos Campeões) no Real Madrid mudou-se para o Manchester United, onde passou apenas um ano antes de assentar arraiais no PSG durante sete épocas.

Na mesma entrevista, o agora experiente jogador argentino recordou que a decisão de deixar a América do Sul não foi tomada de ânimo leve — e teve como principal motivação a ideia de que a oportunidade poderia não voltar a surgir. “Estávamos em minha casa, sentados à mesa com o meu representante. Ele disse: ‘Temos esta opção, a decisão é vossa.’ Disse ao meu pai: ‘Ou vamos todos ou não vou.’ Chorámos todos e decidimos que era o momento, o comboio só passa uma vez. Tínhamos de agarrar-nos a isso e, graças a Deus, saiu como pensámos”, acrescentou, garantindo que ainda tem alguma dificuldade na hora de lidar com toda a pressão que envolve um jogador de futebol.

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“A minha vida sempre foi a correr e nunca a caminhar, nunca consegui controlar isso. Acho que também foi por isso que tive lesões, por não controlar essa questão e estar sempre com a cabeça a mil e o corpo sempre no máximo. Hoje em dia tenho 35 anos e corro e quero correr como se tivesse 20, mas o corpo não dá como antes. Mas na cabeça ainda continuo como se estivesse bem. Acho que é uma das coisas que me fizeram mal, muitas vezes, acho que as lesões também vinham por isso”, sublinhou, referindo ainda que atravessa “o melhor momento” de toda a vida devido à estabilidade familiar.

Por fim, Di María lembrou a conquista do Mundial do Qatar no passado mês de dezembro, com a seleção argentina, naquele que foi o segundo título internacional da carreira do avançado depois da Copa América de 2021 (onde marcou o golo decisivo na final contra o Brasil). “No momento decisivo estava abraçado ao Pablito Aimar. Quando ele ia a correr já estava a ficar sem força nas pernas. Houve momentos nos penáltis em que os via a dobrar por causa dos nervos. Houve momentos em que quase me apagava, por ser demasiada tensão. Estar a sofrer nos penáltis é inexplicável, mas a confiança nos companheiros estava a 100%. Quando o Montiel fez o golo atirei-me para o chão de joelhos e fiz o mesmo que fiz quando vesti a camisola, que foi agradecer pelo momento que estávamos a viver. Sabíamos que as nossas vidas tinham mudado para sempre. Com aquele golo, seríamos eternos”, terminou.

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