Foram apenas dez dias no cargo, mas foram os suficientes para o ministro da Economia finlandês, Vilhelm Junnila, pertencente ao Partido dos Finlandeses — de extrema-direita — ver o seu nome envolto em várias polémicas, que obrigaram a apresentar o pedido de demissão esta sexta-feira. “Para a continuidade do governo e pela reputação da Finlândia, é impossível para mim ser ministro de forma satisfatória”, lê-se numa nota do governo citada pelo Guardian.

Nas eleições parlamentares de abril de 2023, o partido de centro-direita finlandês, a Coligação Nacional, não obteve o resultado necessário para obter maioria absoluta, aliando-se à força de extrema-direita, o Partido dos Finlandeses. A coligação tomou posse no dia 18 de junho, mas regista já a primeira baixa.

Na origem da demissão de Vilhelm Junnila estão várias declarações polémicas, uma delas relacionada com o “aborto climático”, um tema que ganhou espaço mediático nos últimos dias. Em 2019, o antigo ministro defendeu que deveria haver “abortos climáticos” em África, classificando-o como um “grande avanço para a Humanidade”. 

“Nas sociedades subdesenvolvidas de África, o número de crianças pode ser enorme e o problema ganha ainda uma maior dimensão com as alterações climáticas. Isso leva-as, devido à fome, às doenças, e às condições climáticas extremas, a procurar uma vida melhor em áreas com uma pegada de carbono ainda maior”, argumentou o ex-ministro finlandês.

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Outra das controvérsias prendeu-se com as piadas nazis que o antigo governante fez durante um evento partidário em 2019. Referindo-se ao número 88, ligado à saudação nazi Heil Hitler (o H é a oitava letra do abecedário), Vilhelm Junnila elogiou o número de um candidato do seu partido. “É uma proposta vencedora. O 88 refere-se, claro, a dois H, mas não vamos debater o que isso quer dizer.”

Esta polémica obrigou o antigo ministro da Economia a recorrer, na semana passada, à sua conta pessoal do Twitter para garantiu que condena “totalmente o Holocausto e o antissemitismo”.

Uma investigação divulgada esta sexta-feira pelo canal estatal finlandês (YLE) detetou que o antigo governante mentiu na elaboração do seu currículo. Vilhelm Junnila, que trabalhou em empresas de tecnologias e petrolíferas, alegava ter um curso em Ciência Política, mas nunca frequentou qualquer aula. Tudo isto contribuiu para o fim antecipado da carreira política de ministro da Economia, complicando a situação da coligação de direita na Finlândia.