A vitória contra a Itália na primeira jornada do grupo A do Campeonato da Europa podia ser enganosa para Portugal. Dois motivos. O primeiro é que a vitória por 7-4 contra os italianos acabou com números demasiado volumosos para aquilo que foi o relativo equilíbrio, embora a seleção nacional tenha justificado o triunfo. Em segundo lugar, o facto do adversário da equipa das quinas, na segunda jornada, ser a Espanha, que joga o Europeu em casa, e arrasta consigo o público.

Ouro sobre azzurri: Portugal bate Itália com quatro golos de Gonçalo Alves

Por sua vez, a Espanha empatou o primeiro jogo (2-2) com a França. Embora nenhuma das oito seleções em prova seja eliminada na fase de grupos, os espanhóis tinham que tentar a vitória para aspirarem à melhor qualificação possível para os quartos de final.

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Com os três pontos obtidos na partida inaugural, Portugal, nas palavras de Gonçalo Alves, ganhou um novo alento para o resto da prova. “Sabíamos que era um jogo complicado [com a Itália] e era importante entrar a vencer. Dá moral para o resto do Campeonato da Europa. Agora, é pensar no jogo com a Espanha para continuar nesta senda de vitórias”, afirmou o jogador que marcou quatro golos na primeira jornada.

Antes do Europeu, o selecionador nacional, Renato Garrido, já tinha indicado que a Espanha partia em vantagem por jogar num pavilhão que conhece bem. “É uma equipa muito diferente daquela que esteve no Mundial. Queremos ganhar. Eles são os grandes favoritos, mas estamos aqui para contrariar isso”, explicou o treinador antes do encontro.

Em Sant Sadurní d´Anoia, Portugal voltou a entrar bem. Cedo os ursos chegaram ao golo por intermédio de João Rodrigues após um passe meticuloso de Gonçalo Alves. A resposta não tardou a chegar. Sergi Aragonés falhou na cara do Pedro Henriques.

Neste Europeu, a seleção nacional ainda não tinha necessitado de ter sido tão agressiva a defender. Num momento de maior exaltação, Telmo Pinto acabou por ver o cartão azul. Marc Julià conduziu a bola no livre direto, mas Pedro Henriques defendeu. O guarda-redes saiu da baliza antes do tempo e a bola parada foi repetida. Da segunda vez, o jogador do Reus tentou converter de forma direta. Voltou a falhar.

Portugal teve que se aguentar em inferioridade numérica ao longo de dois minutos. A Espanha, sem que os jogadores se tenham apercebido que a bola estava presa no equipamento de Pedro Henriques, ainda celebrou o que parecia um golo. A baliza portuguesa manteve-se a zero até então.

O encaixe entre as equipas era tão grande que por várias vezes ambas as seleções violaram os 45 segundos de tempo de ataque. A Espanha começou a ser superior. César Carballeira testou Pedro Henriques para, a um minuto do fim da primeira parte, Martí Casas empatar.

O segundo tempo começou com a mostragem de um cartão azul a Marc Grau. Gonçalo Alves falhou o livre direto, mas Portugal ficou a jogar em power play. A seleção nacional não aproveitou a situação vantajosa. De novo com cinco elementos em campo, a Espanha manteve a tendência dominadora que se sentiu quando as equipas estavam equiparadas em termos de número de jogadores em campo. César Carballeira ajudou Pedro Henriques a consolidar o estatuto de salvador. 

De repente, o cenário ficou muito favorável para Portugal conseguir cavar um fosso face ao adversário. No entanto, a seleção nacional enterrou-se a si própria. Rafa marcou antes do meio-campo e, logo a seguir, Marc Julià viu o cartão azul por atingir Hélder Nunes. João Rodrigues falhou o livre direto e, numa situação de desespero para tentar recuperar a bola, fez a décima falta. Pau Bargalló deitou Pedro Henriques e picou por cima do guarda-redes para fazer o 2-2. De seguida, João Rodrigues derrubou dentro de área Bargalló, concedendo grande penalidade. Valeu que César Carballeira falhou no frente a frente com Pedro Henriques. Mesmo assim, Nil Roca viria a colocar a Espanha pela primeira vez em vantagem.

Passavam a restar dez minutos para correr atrás do prejuízo. A Espanha também chegou à dez faltas. Hélder Nunes responsabilizou-se pelo livre direto que Carles Grau defendeu. A 54 segundos do fim, Sergi Aragonés derrubou de forma violente Hélder Nunes. O cartão azul valeu a Gonçalo Alves a oportunidade de empatar e assim foi. O 3-3 arrasta as decisões quanto à liderança do grupo para a última jornada onde Portugal vai defrontar a França.