A ministra da Defesa pediu à Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN) que faça uma auditoria aos contratos de assessoria no ministério que lidera. No programa Town Hall, na CNN, Helena Carreiras garantiu que não agiu mais cedo porque não tinha indícios dos alegados crimes de que Marco Capitão Ferreira é suspeito.

“Sempre que houve indícios procurei fazer o que devia ser feito”, frisou, justificando que pediu a inspeção aos serviços e organismos integrados na administração direta e indireta do ministério da Defesa Nacional quando “foi oportuno” e “após a demissão do secretário de Estado” — ressalvou ainda que não o fez “em funções de pressões ou pedidos”.

E prosseguiu: “A partir do momento em que há uma nova circunstância, agi de acordo do que seria exigível numa circunstância em que há ruído, suspeitas, que é preciso tranquilizar.”

Capitão Ferreira. Ministra da Defesa pede ao Tribunal de Contas auditoria à idD Portugal Defence

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Insistiu que o fez para que fosse possível “tranquilizar a todos” e, questionada sobre a postura de Marco Capitão Ferreira, garantiu que não teve “razão” para não acreditar na “breve justificação” que deu sobre o contrato de assessoria. “É porque estamos a defender credibilidade das instituições que determinei estas ações”, sublinhou, reforçando que pretende “apenas garantir [que com as auditorias pedidas] este ruído e estas suspeitas que possam existir no espaço público tenham a resposta que devem ter”.

Também relativamente à demissão do secretário de Estado da Defesa, João Gomes Cravinho preferiu atirar a bola para a frente e apontar para o futuro: quando “problemas acontecem” é preciso ir à “raiz do problema”. Porém, aos olhos do governante, o caso “não é razão para se colocar um ponto de interrogação” em cima do Ministério da Defesa e das Forças Armadas.

O ministro considera também que Capitão Ferreira não lhe deve “explicações nenhumas” e que “dará as explicações a quem de direito”, apesar de defender que não apresentou “qualquer tipo de dúvidas” quer enquanto assessor, quer enquanto presidente da idD Portugal Defence. As suas explicações, ressalvou, ficarão para ser dadas ao lado da ministra da Defesa, na próxima sexta-feira, no Parlamento. Ainda assim, deixa já claro que não se considera um “ministro fragilizado”.

Sobre a derrapagem da obra do Hospital Militar de Belém, Cravinho acredita que fez “aquilo que tinha de fazer em cada momento com a informação que tinha” — “Quando as despesas começaram a avolumar e quando a nível político entendemos que havia uma derrapagem de contas que não se justificava aí, de imediato, pedimos à Inspeção-Geral de Defesa Nacional que fizesse o seu trabalho”, justificou.

Marco Capitão Ferreira demitiu-se do cargo de secretário de Estado da Defesa, que ocupava desde o início da maioria socialista. Envolvido em vários casos polémicos, Marco Capitão Ferreira foi constituído arguido na sequência de buscas judiciais realizadas à sua residência esta sexta-feira. O inquérito nasceu do caso conhecido como “Tempestade Perfeita” — um caso que envolve suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais e que tem Alberto Coelho, ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional como principal suspeito.