No início nem um nem outro podiam propriamente estar felizes, no final alguém teria de sair a sorrir. Em mais um encontro com casa cheia no Pavelló Olímpic de L’Ateneu Agrícola, em Sant Sadurní d’Anoia, houve assobios para o hino de Portugal por ser adversário da Espanha mas houve também assobios para o hino de Espanha apenas por ser Espanha (e por estarmos na Catalunha). Era nesse contexto que começava mais uma decisão colocando os rivais ibéricos em confronto, depois do empate na primeira fase, e era nesse contexto que a Seleção tentaria algo que ainda não tinha acontecido este século: ganhar na final de uma grande prova, algo que já não acontecia desde o triunfo no Europeu de Paços de Ferreira em 1998. Mais uma vez, o objetivo não foi cumprido e a comitiva portuguesa apontou também o dedo à terceira equipa em pista.

Começaram com o hino assobiado, acabaram a ouvir ‘olés’: depois do Mundial, portugueses falham título europeu

“Estamos tristes porque queríamos muito ganhar este Europeu mas não conseguimos. Não há nada a apontar aos jogadores, que foram brilhantes, mas estamos tristes. Temos equipa para nos debatermos com qualquer uma”, começou na zona de entrevistas rápidas Renato Garrido, antes de visar a “pior” equipa.

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“Equipa de arbitragem? Nem vou comentar. Nem vou falar sobre isso. Estivemos sempre atrás do resultado, foi o que correu mal. Sempre que nos tentávamos aproximar aparecia um livre direto ou um golo. Estamos tristes porque queríamos muito ganhar este Europeu. Não conseguimos. Tudo demos. Nada a apontar aos jogadores, que foram brilhantes. Orgulhoso? Sim. Temos equipa para nos podermos bater com qualquer adversário mas não me apetece falar. Estamos sempre a falar destas situações. Tanta gente fala no hóquei, mas se calhar o que vão dizer é que não fomos suficientes, mas a verdade é que fomos condicionados”, acrescentou o selecionador nacional em declarações à RTP no final do encontro na Catalunha.

“Não correu bem muita coisa. Faltou-nos eficácia, tivemos oportunidades na primeira parte para colocarmos Portugal na frente e acho que isso poderia ter mudado o rumo do jogo. Depois, acho que nunca conseguimos ser uma equipa demasiado perigoso. Foram merecedores, mereceram ganhar. Temos de continuar a trabalhar”, salientara antes João Rodrigues, capitão da Seleção Nacional que atua no Barcelona.

“Saio orgulhoso porque deixámos tudo na pista. Houve entrega de toda a gente, tanto nos treinos como nos jogos. Ficou difícil porque fomos condicionados. Não gosto de falar de arbitragem, mas acho que foi bastante fraca para uma final de um Campeonato da Europa. Mas é sempre assim. Sabíamos que na final de um Campeonato da Europa é sempre assim, que se favorece a equipa da casa. Sabíamos que teríamos de ser superiores a isto tudo e não soubemos. Estamos frustrados. Aquele início da segunda parte marcou muito o jogo. Tentámos reagir mas foi mais com o coração do que com a cabeça”, acrescentou sobre o desaire por 4-2 “carimbado” com dois golos no mesmo minuto após o intervalo que fizeram o então 3-0.

Com este triunfo, a Espanha passou a somar 19 Campeonatos da Europa, apenas a dois de Portugal que tem também o registo máximo de pódios na competição entre ouro, prata e bronze (45 contra 41 dos espanhóis). A Seleção continua também sem títulos desde a goleada em Oliveira de Azeméis frente à Itália em 2016, com nuestros hermanos a ganharem agora o terceiro troféu consecutivo. O último grande título de Portugal foi em Campeonatos do Mundo, com a vitória no desempate por penáltis com a Argentina em Barcelona.