O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro tem multas acumuladas de 1,250 milhões de reais (232.000 euros) nos tribunais do país, por ataques ao sistema eleitoral e por não cumprir medidas sanitárias contra a Covid-19, segundo a imprensa.

De acordo com um levantamento feito pelo jornal O Globo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aplicou entre 2022 e este ano multas avaliadas em 250 mil reais (cerca de 46 mil euros) por ataques feitos ao sistema eleitoral e às urnas eletrónicas nas eleições de outubro passado, bem como o não cumprimento dessas multas. Desse valor, segundo o jornal, Bolsonaro pagou apenas cinco mil reais (quase mil euros).

A acrescentar, tramitam na Justiça de São Paulo cinco processos de multas no valor de cerca de um milhão de reais (190.000 euros) por não ter cumprido as medidas sanitárias durante a pandemia de Covid-19, altura em que era o Presidente do país.

Bolsonaro recebeu 3,3 milhões de euros em transferências por telemóvel este ano

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Entretanto, uma outra notícia do mesmo jornal dá conta que o atual governador de São Paulo e ex-ministro do Governo de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, tenciona levar à Assembleia Legislativa de São Paulo um projeto para retirar e desculpar multas aplicadas durante a pandemia, uma medida que beneficia o ex-presidente brasileiro.

Entretanto, em 28 de julho, o órgão federal de combate à lavagem de dinheiro divulgou informações de que o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro recebeu este ano 17,2 milhões de reais (3,3 milhões de euros) em transferências por telemóvel de cidadãos, empresas e partidos políticos, supostamente em doações para, entra as quais, pagar as multas que deve.

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O conteúdo do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, demonstra que, entre 1 de janeiro e 4 de julho, Jair Bolsonaro recebeu mais de 769 mil transações através da aplicação Pix, o equivalente à portuguesa MB Way.

O documento, segundo a imprensa local, já foi enviado pelo Coaf à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os ataques de radicais em 8 de janeiro às sedes dos três poderes em Brasília, com o intuito de retirar Lula da Silva da Presidência brasileira.

“No período chamou a atenção o montante de Pixs recebidos em situação atípica e incompatível“, lê-se no relatório, acrescentando que estas transações podem estar relacionadas com a campanha de doações organizada por apoiantes do ex-presidente brasileiro, para que este consiga pagar as mais variadas multas impostas ao longo dos últimos anos.

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A defesa de Bolsonaro reagiu através do advogado Fábio Wajngarten, que afirmou não haver justificação para que os dados tenham sido tornados públicos. “São inadmissíveis os vazamentos de quebras de sigilos financeiros de investigados no inquérito de 8/1 e ou de qualquer outra investigação sigilosa. Faz-se necessário identificar quem está entrando na tal sala cofre para que as medidas judiciais sejam tomadas. Quem vazou será criminalizado“, frisou.