O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, disse esta quarta-feira a uma multidão de mais de 150.000 apoiantes, em Harare, que estarão “perdidos” se não votarem no seu partido nas eleições presidenciais e legislativas que se realizam dentro de duas semanas.

“Se Harare não votar no Zanu-PF [o partido no poder], vocês estarão perdidos”, disse o homem forte do país aos seus apoiantes reunidos perto do centro da capital, onde os provinciais foram transportados em mais de uma centena de autocarros. “Ninguém nos vai impedir de governar este país”, prosseguiu.

Mnangagwa, de 80 anos, procura um segundo mandato como chefe de Estado e, a 23 de agosto, enfrentará outro candidato presidencial, Nelson Chamisa, um advogado e pastor de 45 anos que lidera o maior partido da oposição do país, a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC). Os observadores consideram que a CCC tem uma posição mais forte nas zonas urbanas desfavorecidas, enquanto a Zanu-PF se apoia nos seus bastiões rurais.

No dia 23 de agosto os zimbabueanos votarão também para eleger o parlamento, num contexto tenso em que a oposição denuncia há meses a crescente repressão neste país governado pelo mesmo partido desde a sua independência, em 1980.

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O país da África Austral, sem litoral, assolado pela pobreza, uma inflação muito elevada e uma taxa de desemprego alta, debate-se também com dificuldades económicas e suspeitas de irregularidades eleitorais são frequentes.

Na terça-feira, na apresentação do programa do seu partido da oposição em Bulawayo, a segunda maior cidade do país, Chamisa acusou o Zanu-PF de estar em “modo de pânico” e “recorrer a táticas sujas”, incluindo “violência política”, porque a oposição estava a ganhar terreno.

Esta quarta-feira, vendedores ambulantes do município de Mbare, em Harare, disseram à agência AFP que tinham sido obrigados a abandonar os seus negócios e a entrar em autocarros a caminho do comício, no qual foram oferecidos aos participantes almoços embalados e presentes com o logótipo do partido.

Apelidado de “o crocodilo”, devido à sua astúcia política, Mnangagwa venceu uma eleição marcada pela violência, com 50,8% dos votos em 2018. “Há (…) pessoas negativas fora do país que querem que sejamos violentos”, mas “a paz continua a ser o nosso farol”, afirmou.