Primeiro foi Lionel Messi, depois Gerard Piqué, este verão seguiram-se ainda Sergio Busquets e Jordi Alba. Se dúvidas existissem sobre o fim de uma era de ouro no clube, um rápido olhar sobre o atual plantel tinha o condão de mostrar que não ficaram sequer vestígios daquilo que foi um período para a história não só dentro dos blaugrana mas também na seleção espanhola. E para ajudar à “festa”, entre outras saídas como Kessié, Nico González ou Umtiti, também Ousmane Dembelé acionou uma cláusula que lhe permitia sair por 50 milhões da Catalunha e assinou pelo PSG. Sem dinheiro para contratar e com dificuldades para inscrever jogadores, Xavi Hernández começava um novo ciclo com reforços a custo zero e pouco mais.

O mais elegante dos centrais diz adeus aos relvados – começará agora o processo de Piqué rumo à presidência do Barça?

Um dos melhores exemplos para contextualizar o atual momento do Barça é exatamente a ginástica que o clube teve de fazer para poder inscrever 21 jogadores na jornada inaugural da Liga, com o Getafe. Há cerca de uma semana eram apenas 12, agora um último forcing permitiu que esse número passasse as fasquia das 20 e as caras novas entre Gündogan, Iñigo Martínez e Oriol Romeu integraram a lista de convocados ao contrário do que aconteceu com Marcos Alonso, lateral esquerdo contratado na última época ao Chelsea que começa a época de fora tal como tinha acontecido em 2022/23 com Koundé (mas que não quer sair).

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Se um dos grandes objetivos da temporada que será atípica também pelas obras que se continuam a fazer em Camp Nou (e que levarão a equipa a jogar fora da sua habitual casa durante pelo menos um ano) passa pelo regresso à fase a eliminar da Liga dos Campeões, algo que falhou nas últimas duas épocas, a reconquista da Liga está igualmente na órbita dos culé sabendo que de um momento para o outro tudo pode mudar. Aliás, o Real Madrid que o diga: num par de dias, e apesar da entrada a ganhar na Liga em Bilbau com o Athletic, perdeu Thibaut Courtois e Éder Militão para quase toda a temporada devido a graves lesões…

Real Madrid estreia-se com vitória em Bilbau frente ao Athletic

Os primeiros sinais que chegaram da digressão pelos EUA foram positivos. Depois de uma derrota que ainda fez faísca com o Arsenal, o Barcelona derrotou de forma clara o rival Real Madrid e bateu depois o AC Milan e o Tottenham, mostrando que atravessava um bom momento apesar das baixas que foi sofrendo na última temporada. No entanto, a tradição ainda é o que era e, cinco anos depois, ainda não foi desta que a equipa conseguiu ganhar fora ao Getafe de Domingos Duarte, num encontro com três vermelhos incluindo o de Xavi e um final muito polémico entre os penáltis pedidos pelos dois conjuntos entre 16 minutos de descontos na segunda parte já depois dos dez que tinham sido concedidos no primeiro tempo.

Os minutos iniciais funcionaram quase como um cartão de visita para as dificuldades que o Barcelona iria encontrar ao longo da partida. Aliás, depois de um primeiro lance de perigo por Gündogan anulado por fora de jogo, foi preciso esperar até aos 17′ para Raphinha deixar a primeira ameaça real na sequência de livre. A muralha dos visitados conseguia anular praticamente todos os espaços e só mesmo de forma individual os catalães iam criando perigo, primeiro com Oriol Romeu a rematar perto do poste (27′) e depois com Mitrovic a desviar uma bola de Raphinha para o poste (37′). Se já estava difícil para o Barça, pior ficaria nos minutos seguintes com Raphinha a não gostar da forma como estava a ser travado e a dar uma cotovelada a Gastón para vermelho direto ainda antes do intervalo (42′). Xavi teria de mexer na equipa ao intervalo, sendo que a primeira parte ficou também marcada por uma “paragem” de Araújo a agarrar a bola em campo.

A aposta acabou por ser a entrada de Abde para o lugar de Christensen, com Frenkie de Jong (que é cada vez mais um líder nesta equipa, tendo mesmo entrado na hierarquia de capitães) a recuar para central. Contudo, as contas não iriam demorar a ficar de novo equilibradas: depois das sete expulsões entre as últimas oito em jogos entre Getafe e Barcelona para os catalães, Mata viu o segundo amarelo e deixou o encontro 10-10. Os nervos continuavam à flor da pele e nem mesmo Xavi passou ao lado dessa tensão, recebendo ordem de expulsão por protestos antes da pausa de hidratação aos 70′. Com tudo na mesma, Lamine Yamal, nova pérola de 16 anos, foi opção dos culé para o quarto de hora final, ainda antes dos já consagrados Gavi e Ansu Fati, mas nem assim o nulo foi desfeito numa entrada em falso do campeão espanhol com um final polémico em que o Barcelona e o Getafe ficaram a pedir grandes penalidades aos 90+10′ e aos… 90+16′.