Aos 29 anos, Leandro Paredes volta a um ponto onde esperava não estar nesta fase: a treinar à parte. A lista de dispensas do PSG é longa e não poupou nem os mais consagrados mas, depois da última temporada em que esteve cedido à Juventus e em que foi campeão mundial, o médio esperava outro cenário antes de ver a sua situação resolvida com uma cedência à Roma por onde já tinha passado antes. Ainda assim, não deixa de ser uma referência na posição para vários jogadores mais novos. Um deles, Alan Varela, acaba de chegar ao FC Porto. “Sempre observei o Leo Paredes. É um ‘5’ [o equivalente ao nosso ‘6’] muito bom, tento copiar tudo o que ele faz. Tive a oportunidade de falar com ele através das redes sociais”, referiu o agora terceiro reforço dos azuis e brancos aos jornalistas à saída de Buenos Aires, a caminho de Portugal.

Além da posição comum, ambos fizeram a sua formação no Boca Juniors. Alan Varela, apesar de ter apenas 22 anos, assumiu mesmo a braçadeira do conjunto da Bombonera, ganhando o respeito não só dos adeptos xeneize mas também dos próprios rivais, como se viu também nessa despedida no aeroporto onde chegou a tirar algumas fotografias com uma criança com a camisola… do River Plate. Depois de começar no Barcelona Luján, uma equipa ligada ao Barcelona que mais tarde se tornou Barcelona Juniors pela ligação ao Boca, o médio fez toda a formação no conjunto de Buenos Aires, assinando o primeiro contrato profissional em 2019 e subindo à equipa principal em 2020. Em três anos e meio, ganhou o Campeonato, a Taça e a Supertaça da Argentina, faltando apenas uma Taça dos Libertadores – prova que “atrasou” a sua chegada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo a imprensa argentina, Alan Varela vai custar ao FC Porto oito milhões de euros fixos mais três milhões de variáveis por objetivos desportivos, sendo que as negociações chegaram a parar por mais do que uma ocasião por divergências nos prazos e nos valores a liquidar no negócio. Com isso, o médio foi mantendo o lugar na equipa, podendo participar na eletrizante eliminatória da Libertadores entre o Boca Juniors e o Nacional, que permitiu aos xeneize chegarem aos quartos de uma competição onde já não está o rival River Plate, que acabou por cair nas grandes penalidades com os brasileiros do Internacional. Os valores pagos dizem respeito a 85% dos direitos económicos do jogador, sendo que a formação de Buenos Aires reservou ainda uma percentagem de 20% da mais valia de uma futura transferência do jogador.

“Tive muitas conversas com o Jorge Almirón [treinador do Boca Juniors]. Ele deu-me o seu apoio, estou-lhe muito grato. Queria jogar até que se confirmasse a transferência. Vestir a camisola do Boca é a coisa mais bonita que existe. Agora vou realizar um sonho, jogar na Europa, por isso lutei durante muito tempo e hoje, graças a Deus, está a acontecer. Espero que seja um sucesso. Não esperava a despedida dos meus companheiros de equipa, levo comigo as melhores recordações. O Rojo e o Romero disseram-me para desfrutar de jogar na Europa e para continuar a trabalhar com humildade. Duelos com Otamendi e Di María? Primeiro quero chegar ao Porto, conhecer o clube, os meus novos companheiros e depois logo verei como será defrontá-los”, destacou o médio antes da partida para a Invicta, onde chegou esta terça-feira.

“Era um risco que o Alan jogasse os dois jogos da Taça dos Libertadores. Eu tinha algumas dúvidas, algum medo, porque ele estava praticamente vendido. Mas ele quis jogar para despedir-se dos adeptos e fê-lo com o mesmo entusiasmo como se estivesse a estrear-se. Conheço-o há muito pouco tempo, mas sinto-me orgulhoso dele, porque não se poupou a nada. Ser o 5 do Boca não é fácil e ele esteve muito bem nesse papel. É um jogador espetacular e uma pessoa muito boa. Que tudo lhe corra bem, ele merece o melhor”, destacou também Jorge Almirón após a passagem para os quartos da Libertadores contra os argentinos do Racing.

“Agradeço ao FC Porto por ter aguentado e por me ter deixado jogar contra o Nacional. Para jogar contra o Racing, tinha de se esticar muito e não podia ser mas agradeço por estes últimos jogos. Chegou a um ponto em que tinha de partir”, assumiu Alan Varela a esse propósito na despedida do Boca Juniors. Sendo um ‘5’ à moda argentina, o médio terá três funções no FC Porto: substituir Uribe, o único titular que deixou a equipa em relação à última temporada; estabilizar um meio-campo que nos dois primeiros encontros não carburou como pretendido; e criar mais-valia no plantel, num objetivo que já tinha estado presente na contratação de Nico González (que fez a estreia pelos portistas em Moreira de Cónegos) ao Barcelona.

“Estou muito contente por chegar a um clube tão grande como o FC Porto e ansioso por conhecer os meus novos companheiros e as instalações do clube… Sinto-me muito feliz. O estádio é lindo, mal posso esperar por jogar aqui e vou começar a trabalhar de imediato para ver se mereço a confiança do mister já no fim de semana. Assinar por um grande clube como o FC Porto deixa-me extremamente motivado e estou com ganas de vestir esta camisola. Prometo sacrificar-me em prol da equipa, quero disputar o máximo de jogos e tentarei estar a 100% em todos eles. Obrigado aos adeptos pelas mensagens de boas-vindas, fico muito contente por chegar aqui e oxalá juntos possamos cumprir os nossos objetivos”, comentou ao Porto Canal.

“Temos a máxima esperança no Alan Varela e estou convencido de que com a equipa que temos ao comando do Sérgio Conceição daremos muitas alegrias e momentos de jubilo aos nossos adeptos. Este era um jogador referenciado há muito, estávamos em negociações e o Boca Juniors pediu muito para que estas só se concretizassem depois da eliminatória da Libertadores. Nós compreendemos a situação e é com muito prazer que concretizamos um desejo antigo”, destacou Pinto da Costa, presidente dos dragões.