A estratégia da Glassdrive funcionou ao colocar James Whelan na frente para uma fuga que terminaria com vitória, a estratégia da Glassdrive falhou o outro objetivo também pelas dificuldades que Artem Nych sentiu no início da subida decisiva. Contas feitas, a fatura da etapa com subida à Serra do Larouco continuava a ser “paga” pela formação que muito cedo “perdeu” na Torre o vencedor de 2022, Maurício Moreira, e era um surpreendente suíço da Voralberg, Colin Stüssi, que chegava como grande favorito à conquista da vitória da Volta a Portugal de 2023 que encerrava em Viana do Castelo com um contrarrelógio de 18,2 quilómetros. No entanto, ainda era em António Carvalho que recaíam as atenções depois das declarações enigmáticas.

Glassdrive limpa etapa mas não a amarela: Whelan vence na Senhora da Graça, Stüssi reforça liderança

Nono classificado na chegada à Senhora da Graça com o mesmo tempo do camisola amarela e agora quarto classificado da geral, o experiente corredor português de 33 anos que passou pelas melhores equipas do pelotão nacional como a LA, a W52, a Efapel ou a Glassdrive e está agora no ABTF Betão-Feirense mostrou-se agastado com algo que se teria passado na noite de sexta-feira sem que explicasse ao certo o que se tinha passado. “Não foi ameaça, não vou falar mais… Ontem [Sexta-feira] ao final do dia falei com o meu treinador, hoje soube o presidente e o patrocinador. Antes da partida estivemos a falar os quatro e apoiaram-me a 100% e isso é que é o mais importante”, atirou sem dar mais detalhes sobre o que se teria passado.

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“Foi muito grave mesmo. Estou de consciência tranquila mas sim só pensava como é que alguém tem coragem para fazer o que fizeram a uma pessoa. Quem o fez não pode ter escrúpulos, não pode ter nada. O que aconteceu tem a ver com a minha questão profissional, tem a ver com a minha família e, acima de tudo, com a minha profissão. Não sei quem o fez, eu e a equipa e os patrocinadores devemos levar isto até às últimas consequências por ser algo tão grave, por me tentar desestabilizar e aproveito para dizer, seja quem [for que] fez isso, que a Volta a Portugal não é nada mais, nada menos acima do que nós somos como pessoa”, referiu em declarações citadas pela agência Lusa num dia que até deveria ter sido de festa, tendo em conta que o corredor ficou a saber durante a etapa através de fumos azuis o sexo do seu segundo filho.

António Carvalho ocupava a quarta posição a 1.06 minutos de Colin Stüssi. Pelo meio havia ainda Henrique Casimiro, a 45 segundos, e Artem Nych, a um minuto. No entanto, era o suíço que partia como favorito entre muitos cuidados para evitar festas antecipadas. “45 segundos de avanço chega? Não penso que exista alguma vez um tempo suficiente para ganhar. Posso ter um mau dia, outro corredor pode ter uma mau dia, posso ter problemas com a bicicleta. Há tantas variáveis… Honestamente, quando vim para a Volta a Portugal se alguém me dissesse que podia ganhar uma etapa ou que podia fazer top 10, teria assinado por baixo mas agora estou aqui… Percurso? Não vi nada, queria ir dia a dia”, destacara após a Senhora da Graça.

A tarefa não foi fácil mas se Stüssi dizia que estava nas nuvens quando chegou à liderança, agora por lá vai ficar muito tempo. Apesar do grande contrarrelógio do basco Txomin Juaristi, da Euskatel-Euskadi (24.56), o suíço fez o terceiro melhor registo em Viana do Castelo e segurou a camisola amarela a 26 segundos do líder da etapa e a 23” do segundo classificado, o uruguaio e ex-vencedor da Volta Maurício Moreira. Em termos de classificação geral, Stüssi ganhou com 40.59.26, menos 1.04 minutos do que Juriasti e menos 1.07 do que António Carvalho, que terminou no último lugar do pódio como melhor português após a quarta posição no contrarrelógio. Artem Nych desceu ao quarto posto da geral, terminando a 1.28 minutos de Stüssi.