O polémico beijo na boca entre Luis Rubiales, presidente da Federação de Futebol Espanhola, e a jogadora de futebol Jenni Hermoso continua a motivar reações. Desta vez, foi o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, a pronunciar-se, deixando duras críticas ao “gesto inaceitável” do responsável desportivo.
Numa conferência de imprensa para debater os apoios governativos, o secretário-geral socialista foi instado pelos jornalistas ao reagir ao sucedido. Em reação, Pedro Sánchez considera que o pedido de desculpas de Luis Rubiales “não é suficiente”. “Não foi adequado e, portanto, ele tem de continuar a dar passos para aclarar o que vimos nos meios de comunicação”.
Ainda que nunca tenha aludido a uma possível demissão — como fez a parceira governamental Yolanda Díaz que disse que Luis Rubiales “agrediu uma mulher” —, Pedro Sánchez parece deixar a porta entreaberta para que o presidente da Federação Espanhola de Futebol tome esse passo.
“O comportamento de Rubiales mostra algo: ainda falta muito caminho para percorrer na igualdade, respeito e equiparação de direitos entre homens e mulheres”, afirmou Pedro Sánchez.
O chefe do governo espanhol quer, no entanto, ficar na memória com a “parte boa”, isto é, o “êxito das jogadores em ser campeãs do mundo”, lembrando que “veio depois de vitórias semelhantes no sub-17 e sub-20”. Pedro Sánchez prometeu ainda que vai continuar a apoiar e reconhecer “desde o ponto institucional” a prática do futebol feminino, desenvolvendo infraestruturas para o efeito.
De recordar que Luis Rubiales beijou na boca a jogadora Jenni Hermoso na altura da passagem pelo palanque onde foram entregues as medalhas de ouro às novas campeãs. Após a polémica que o gesto gerou, o líder da federação desvalorizou inicialmente o assunto: “Não façamos caso dos idiotas e dos estúpidos. É um beijo de dois amigos a celebrar algo… Não estamos para palermices. Depois de tudo o que se passou, mais tontos e mais palermas não”.
Horas depois, Luis Rubiales lamentou o sucedido. “Num momento de máxima alegria e sem qualquer má intenção, aconteceu o que aconteceu de uma forma muito espontânea. Não entendi o que se estava a passar porque víamos algo natural e normal sem qualquer má fé mas houve pessoas que se sentiram atingidas. Tenho de pedir desculpas, aprender com isto.”
Ainda assim, não se livrou de várias críticas do governo espanhol, incluindo de Yolanda Díaz, líder do Sumar, que apelou à sua demissão, e de Irene Montero, ministra da Igualdade, que falou numa “forma de violência sexual que as mulheres sofrem diariamente que até agora era invisível e que não podemos normalizar”.
