De forma a responder à crise no recrutamento nas Forças Armadas, o Partido Socialista (PS) está disposto a pensar mais seriamente na possibilidade de imigrantes virem a integrar as fileiras. A mesma disponibilidade não é, no entanto, partilhada pela ministra da Defesa: Helena Carreiras considera que o “alargamento do recrutamento à população imigrante” é um processo muito complexo, que pode vir a “mexer com a cultura e estrutura das Forças Armadas” e que, por isso, não deve ser equacionada como medida para combater os problemas de escassez de recrutas, avança o jornal Expresso.

“Estamos abertos a que essa reflexão se possa realizar no futuro, nomeadamente e, em primeiro lugar, no que toca à possibilidade de admissão de candidaturas ao serviço militar de cidadãos estrangeiros residentes em território nacional”, declarou, ao mesmo jornal, Francisco César, vice-presidente da bancada do PS e coordenador na Comissão Parlamentar na Defesa, acrescentando que, para tal, seria necessário, no entanto, iniciar um “processo de revisão constitucional”, já que a Constituição indica que apenas cidadãos portugueses podem pertencer às Forças Armadas.

Helena Carreiras admite valorização financeira e profissional para atrair e manter militares

A posição de Helena Carreiras, de acordo com resposta fornecida por fonte do seu gabinete ao mesmo jornal, vai no sentido inverso: “O foco deste Governo centra-se no atual modelo de profissionalização, com a aposta na atratividade da profissão militar”, afirmou ao Expresso. “Uma medida como o alargamento do recrutamento à população imigrante, pela sua complexidade e porque mexe com a cultura e estrutura das Forças Armadas, não deve ser equacionada meramente para suprir problemas de recrutamento”.

Marcelo defende inclusão de imigrantes no recrutamento para as Forças Armadas

Marcelo Rebelo de Sousa já defendeu que a integração dos imigrantes nas Forças Armadas deveria ser considerado como algo “natural”. Apesar da abertura do PS, o artigo da Constituição referente às Forças Armadas não teve nenhuma proposta de alteração por parte de nenhum partido no processo de revisão constitucional. Ainda assim, de acordo com o Expresso, Iniciativa Liberal (IL) está a favor da inclusão dos imigrantes nas fileiras, ao contrário do Chega e PCP que estão contra.