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A primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, está a ser pressionada a deixar o cargo depois de os meios de comunicação do país terem avançado que o marido é sócio de uma empresa que, mesmo depois da invasão na Ucrânia, mantém operações na Rússia.

Segundo a Sky News, Kaja Kallas afirmou não ter conhecimento pormenorizado dos negócios do marido, mas acredita que a empresa não tenha feito nada de errado: “A empresa nem sequer compra combustível à Rússia para evitar deixar um único euro ou moeda na Rússia”, afirmou.

Kaja Kallas avançou ainda que o marido está a vender a sua parte na empresa em questão. ” Nós [a empresa] discutimos a questão do transporte para o nosso cliente [na Rússia] em várias ocasiões e acreditámos que estávamos a fazer a coisa certa, a ajudar as pessoas certas e a salvar uma boa empresa estónia, caso contrário não o poderíamos ter feito”, afirmou o marido da primeira-ministra em comunicado, citado pelo jornal britânico.

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Também a oposição e os principais meios de comunicação da Estónia exigiram esta sexta-feira a renúncia da primeira-ministra. A imprensa estónia divulgou duas sondagens nas quais a maioria dos inquiridos considerou que Kaja Kallas deve demitir-se do cargo.

O Partido do Centro estónio revelou que vai iniciar discussões sobre uma moção de censura contra Kallas, enquanto outra formação da oposição, o partido conservador Isamaa (Pátria), frisou que a primeira-ministra “não tem outra escolha a não ser renunciar imediatamente”, considerando que este escândalo causou “considerável danos aos interesses e reputação da Estónia”.

Na quarta-feira, a emissora pública ERR informou que a empresa de transportes Stark Logistics, que é parcialmente propriedade do marido de Kallas, Arvo Hallik, continuou a fazer entregas para a Rússia após o início da guerra na Ucrânia.

Num comunicado divulgado no mesmo dia, a Stark Logistics referiu que tinha apenas um cliente estoniano, a Metaprint, que está atualmente em processo de encerramento da sua fábrica na Rússia, e que a Stark Logistics estava a fazer entregas para ajudar a esse encerramento.

Na sequência destas revelações, Kallas, primeira-ministra da Estónia desde 2021, garantiu na rede social Facebook que todo o comércio com a Rússia deve “parar enquanto a guerra de agressão russa contra a Ucrânia continuar”.

A governante sublinhou também que a empresa do seu marido estava a ajudar um dos seus clientes estonianos na Rússia “de acordo com as leis e sanções impostas”.

Arvo Hallik pediu esta sexta-feira desculpas “pela situação e pelos danos causados” à mulher, acrescentando que irá “vender imediatamente” as suas ações na Stark Logistics e retirar-se da empresa. Hallik garantiu também que a sua mulher “não tinha conhecimento” das suas atividades profissionais.

Além da oposição, os principais meios de comunicação da Estónia também pediram esta sexta-feira a demissão de Kallas. O diário Eesti Päevaleht frisou que a primeira-ministra “deve apresentar a sua carta de demissão” sem que isso signifique “que deva necessariamente abandonar o cargo”.

Considerando insuficientes as explicações de Kallas, o jornal Postimees, por seu lado, “aconselhou amigavelmente a primeira-ministra a começar hoje a fazer as malas para partir e evitar constrangimentos ainda maiores no futuro”.

O governo de Kaja Kallas, uma coligação entre o seu Partido Reformista, o Partido Social Democrata (SDE) e o partido liberal Eesti 200, tomou posse em 17 de abril.

O Parlamento da Estónia será retomado em 11 de setembro.