Início de época mais atípico seria impossível. Houve derrotas em torneios e particulares, muitas ausências devido aos compromissos das seleções, formas diferentes de olhar o mercado. No fundo, poucas ou talvez nenhumas conclusões entre duas certezas que iriam marcar a final da Supertaça e a própria temporada: 1) o Sporting partia com ligeiro favoritismo pelo facto de ter ganho as últimas sete competições nacionais que foram realizadas depois da paragem pela pandemia; 2) o Benfica teve um investimento ainda mais forte no plantel para quebrar a hegemonia leonina, tendo pago, de acordo com a imprensa espanhola, um total de 400 mil euros pelas cláusulas de rescisão de Diego Nunes e Higor, ambos ex-Palma Futsal.

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“É o primeiro troféu da época e é muito importante para nós. A nossa pré-temporada não foi boa, sobretudo porque tivemos problemas com lesões e tivemos muitos jogadores ausentes, mas isso não serve de desculpa. Estivemos muito irregulares, alternando jogos bons com outros horríveis, mas agora chegou o momento da verdade, nesta primeira partida com o Sporting. É muito importante para nós e determinante neste início da época. Recuperámos todos os jogadores e agora tratamos dos detalhes. O Sporting não vai variar a sua forma de jogar. Esperamos um jogo equilibrado, como foram os da época passada, decidido nos detalhes. A equipa que melhor saiba interpretar os momentos de pressão, de tensão e saiba estar nos momentos mais difíceis é a que vai conquistar o troféu”, destacara Pulpis, técnico do Benfica, à BTV.

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“A equipa está bem, confiante e preparada para as dificuldades que o Benfica certamente vai colocar. O jogo será equilibrado e as coisas vão certamente decidir-se nos detalhes. As equipas conhecem-se e são equilibradas. Os pormenores, que têm a ver com os aspetos técnico-táticos, serão decisivos neste jogo. Pré-época? É difícil analisar pois não temos como comparar o que fomos fazendo, tanto pelo pouco tempo de preparação como pela ausência de muitos atletas que estiveram nas seleções nacionais. Houve um excelente critério na escolha dos reforços do Benfica, não há dúvidas de que se reforçou bem e investiu para isso. Vamos esperar que, pelo menos para já, não tenham o rendimento que sabemos que vão ter”, comentara Nuno Dias, treinador do Sporting, em declarações na véspera à Sporting TV.

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O histórico recente desde o regresso das competições depois da pandemia que “cancelou” a época 2019/20 explicava bem a ideia partilhada por Pulpis antes de mais uma final, dizendo que “um clube como o Benfica não pode viver neste registo”. Contas feitas, e em 15 jogos, os encarnados conseguiram apenas duas vitórias sem impacto por serem na fase regular ou numa decisão perdida do Campeonato e sofreram 11 derrotas, grande parte decisivas e na discussão de troféus. Agora, apesar das mudanças que trouxeram ainda mais competitividade aos encarnados sobretudo com a presença de Diego Nunes, a história teve prolongamento, chegou mesmo às grandes penalidades mas os leões conquistaram a 11.ª Supertaça da história, a quinta alcançada de forma consecutiva e o oitavo troféu nacional seguido a manter a atual hegemonia.

Os dez minutos iniciais de jogo mostraram esse mesmo equilíbrio que todos anteviam, sem oportunidades flagrantes para os dois lados mas alguns remates com perigo para defesas dos guarda-redes ou a sair ao lado das balizas. Chishkala, numa tentativa onde acabou por sofrer falta de Erick, deixou o primeiro sinal (2′), Afonso também atirou muito perto do alvo (5′), André Sousa salvou os encarnados na sequência de uma perda de bola em zona de construção (7′), Sokolov ficou igualmente muito perto do primeiro (10′). A final continuava sem golos mas com as duas equipas em intensidade máxima e a fazerem rodar os seus bancos em períodos curtos de três/quatro minutos em busca de soluções para desfazer o nulo na partida, algo que se manteve mesmo até ao intervalo apesar de mais tentativas perigosas de Silvestre (14′), Afonso (14′), Erick (15′) e João Matos (16′) e os leões tapados pela quinta falta ainda a cinco minutos do final.

No segundo tempo, tudo mudou e de forma radical, bastando somente três minutos para se ver outros tantos golos: João Matos encostou ao segundo poste uma assistência de Cavinato que desviou ainda num defesa contrário e inaugurou o marcador (21′), Diego Nunes empatou de seguida num trabalho 1×1 com remate a sofrer ainda um desvio em Erick (22′), Erick recolocou o Sporting na frente num livre de dez metros com assistência de Alex Merlim (23′). O resultado mexia, os ânimos aqueciam num lance onde Rocha fez uma falta clara sobre Rocha mas houve bola ao solo, as oportunidades apareciam com Guitta a fazer uma defesa fabulosa a remate de Silvestre (26′) e Esteban Guerrero a falhar isolado (31′).

A troca na baliza do Benfica de André Sousa por Léo Gugiel, guarda-redes brasileiro que estava nos russos do Tyumen, mudou as características da partida, com os encarnados a arriscarem sempre no 5×4 com o reforço a jogar no meio-campo verde e branco. Foi nesse risco que nasceu o 3-1, com Tomás Paçó a fazer um corte fantástico no 1×1 com Rocha e Esteban a marcar de uma baliza à outra (32′). Depois de um susto com Erick, que valeu um raro cartão branco ao responsável médico do Benfica que se juntou na ajuda ao internacional português, Rocha aproveitou um lance confuso para reduzir a desvantagem (36′) e Jacaré falhou de seguida sozinho… em cima da linha antes de Arthur empatar com um grande golo (38′).

O 5×4 assumido com Chishkala como guarda-redes avançado surtiu efeito e a decisão seguiu mesmo para prolongamento, com o calor a fazer-se sentir na quadra e também nas bancadas. Mais do que no tempo regulamentar, qualquer erro poderia ser fatal e foi o Benfica a entrar melhor com um remate de Rocha às malhas laterais e outro de Afonso defendido por Guitta que bateu ainda na trave e o Sporting a responder com um remate perto do poste de Esteban Guerrero e duas grandes defesas de Léo Gugiel a remates de Pany Varela e Zicky Té. Os golos não iriam demorar e no último minuto do primeiro tempo por dois russos, Sokolov e Chishkala (45′), sendo que a partida iria mesmo ser decidida nas grandes penalidades.