Um dia depois de ser conhecida a ação que moveu contra a TAP, Christine Ourmières Widener quebra o silêncio. Numa nota a que o Observador teve acesso, a ex-CEO da TAP, que exige uma indemnização de 5,9 milhões de euros, diz acreditar na justiça portuguesa.

“Tenho confiança na justiça portuguesa e espero que seja reposta toda a verdade”, começa por referir. “Infelizmente, qualquer decisão que venha a ser tomada, não poderá reparar integralmente os enormes danos reputacionais e pessoais que sofri e continuo a sofrer. Ninguém deveria passar pelo que passei, nem pessoal, nem profissionalmente”, sublinha a gestora, demitida na sequência do pagamento de uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, que seria considerada ilegal e daria origem a uma comissão de inquérito.

Christine Ourmières-Widener já deu entrada com processo contra TAP. Reclama 5,9 milhões

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“Não fui eu que procurei a posição de CEO da TAP. Foi o Governo que me convidou. Convidou uma gestora internacional, com uma carreira ascendente, garantiu o pagamento de um bónus que foi decisivo para a minha aceitação e decisão de mudar toda a minha família para Portugal, assinou um contrato por 5 anos, que foi abrupta e injustificadamente interrompido”, refere Ourmières Widener, que entretanto assumiu a liderança da empresa que detém a Air Caraibes.

“Agi sempre com total transparência, de boa fé e com total profissionalismo e apresentei resultados nunca antes obtidos. Acredito na justiça, seja em Portugal, seja no estrangeiro. Tenho mantido o silêncio, em respeito à TAP e aos seus trabalhadores, pelo que lamento, uma vez mais, a reação pública do Governo sobre o processo”.

O Governo reagiu esta quinta-feira à ação da ex-CEO da TAP, pela voz de Mariana Vieira da Silva, que afirmou que o Governo está “confortável” com a decisão que tomou. A ministra da Presidência lembrou que o Governo “na altura tomou a decisão com base no relatório da IGF, que era suficientemente sólido quanto ao tema de decisões tomadas fora do enquadramento que deviam ter sido tomadas” e, nesse sentido, “mantém naturalmente a sua decisão”, de demitir a gestora. “O Governo tomou uma decisão com base num relatório absolutamente inequívoco e estamos muito confortáveis com a decisão tomada”, ressalvou.

Sobre o processo, Mariana Vieira da Silva considerou que “todos temos o direito de nos defender e decidir os processos que queiramos decidir”.