O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou este sábado um consenso no G20 sobre a declaração da cimeira de Nova Deli, apesar da fragmentação do grupo em questões como a guerra na Ucrânia e a reestruturação da dívida.

“Graças ao trabalho árduo das nossas equipas e ao vosso apoio, surgiu um consenso sobre a declaração da Cimeira dos chefes de Estado e de Governo do G20 em Nova Deli”, afirmou Modi, citado pela agências AFP e EFE.

“Anuncio a adoção da declaração”, disse o primeiro-ministro indiano, acompanhando as palavras com uma batida cerimonial do martelo como anfitrião da cimeira.

O conteúdo do comunicado conjunto do G20, cuja cimeira termina no domingo, ainda não foi tornado público.

O G20 reúne as 19 economias mais desenvolvidas ou emergentes e a União Europeia.

A União Africana passou a integrar o grupo desde hoje, não tendo sido ainda mencionada a alteração do nome para G21.

A obtenção de um consenso no G20 tem-se tornado cada vez mais complexa nos últimos anos.

Os membros do grupo têm divergido sobretudo sobre a posição a adotar face à invasão da Ucrânia pela Rússia e sobre o financiamento necessário para a adaptação às alterações climáticas.

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A chamada Declaração de Nova Deli é composta por mais de 100 pontos, segundo a EFE.

A condenação da invasão da Ucrânia foi a questão que mais ameaçou o acordo conjunto, segundo fontes ligadas às negociações.

A Índia apresentou um projeto de texto, mas a maioria dos países, especialmente os do G7, considerou a proposta e os termos em que a guerra é tratada insuficientes, disse um funcionário da União Europeia (UE) à EFE.

A linguagem sobre o conflito foi novamente o principal obstáculo, como na cimeira do ano passado em Bali (Indonésia), cuja declaração final dizia que “a maioria dos membros” condenava fortemente a guerra russa contra a Ucrânia.

As tensões entre os países ocidentais e a Rússia e a China marcaram a presidência indiana do G20, nomeadamente devido a divergências sobre a guerra na Ucrânia ou a reestruturação da dívida das economias emergentes.

A ausência dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, na cimeira apenas serviu para sublinhar a clivagem com os restantes países, o que dificultou a obtenção de um consenso.

Se não se tivesse chegado a um acordo, esta teria sido a primeira cimeira do G20 sem uma declaração consensual, numa altura em que outros fóruns multilaterais mostraram incapacidade de fazer progressos na abordagem da crise.