A coordenadora das Comissões de Trabalhadores (CT) do Parque Industrial da Autoeuropa admitiu esta terça-feira que o “Governo poderá ajudar a reverter alguns despedimentos” resultantes da paragem de produção na fábrica de Palmela, mas advertiu que tudo depende das empresas.

A posição das CT foi expressa pelo coordenador Daniel Bernardino após a reunião realizada esta terça-feira com a ministra do Trabalho e outros membros do Governo, na sequência do despedimento de centenas de trabalhadores de diversas empresas do parque industrial, face à anunciada paragem de produção da Autoeuropa, de 11 de setembro a 12 de novembro.

Autoeuropa inicia esta segunda-feira paragem de produção que já provocou centenas de despedimentos

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Saímos da reunião com alguma esperança de que será possível reverter alguns dos postos de trabalho perdidos, com a colaboração do Governo, das empresas e da coordenadora das CT”, disse à agência Lusa Daniel Bernardino.

“Mas, se as empresas não quiserem fazer parte da solução, o Governo também não vai encontrar grandes soluções”, acrescentou o representante dos trabalhadores, reiterando que a ajuda governamental “depende da vontade de cada uma das empresas em manter os postos de trabalho em causa”.

Daniel Bernardino esclareceu ainda que, até esta terça-feira, a coordenadora das CT já teve conhecimento de um total de 425 despedimentos de trabalhadores temporários, e não 434 como foi referido anteriormente.

Destes 425 trabalhadores temporários despedidos, 100 são da Autoeuropa e têm o regresso ao trabalho garantido logo que seja retomada a produção, mas a maioria dos restantes trabalhadores despedidos não sabe ainda se irá manter os postos de trabalho. Dos 425 despedimentos de trabalhadores temporários, 134 tiveram lugar nas  empresas Novacoat e Rangel e só esta terça-feira foram confirmados á coordenadora das CT.

Na segunda-feira o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, garantiu à agência Lusa que o Governo já estava a trabalhar em diversas soluções para minimizar o impacto, para trabalhadores e empresas fornecedoras, face à paragem de produção de nove semanas na Autoeuropa.

Já temos um conjunto de iniciativas previstas para responder às diferentes situações, seja mobilizando instrumentos de formação profissional, a que os trabalhadores possam, por via das empresas, recorrer enquanto esta paragem estiver a acontecer, seja facilitando as prestações sociais a que porventura tenham direito, para que possam ser processadas da forma mais ágil possível”, disse o secretário de Estado do Trabalho, lembrando que no país, além das 19 empresas do parque industrial, há mais 86 empresas fornecedoras da fábrica da Volkswagen em Palmela.

A coordenadora das CT do parque industrial da Autoeuropa tem nova reunião marcada com representantes dos ministérios do Trabalho e da economia para as 17h00 da próxima terça-feira, dia 19 de setembro.

A Autoeuropa foi forçada a uma paragem de produção de nove semanas devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi fortemente afetado pelas cheias que ocorreram naquele país no início passado mês de agosto.

O grupo Volkswagen está a desenvolver esforços para que seja possível retomar a produção na Autoeuropa com a maior brevidade possível, mas até agora a data anunciada para voltar à produção de automóveis na fábrica de Palmela, no distrito de Setúbal, continua a ser o dia 12 de novembro.