O rei de Marrocos Mohamed VI demorou quase 90 horas a visitar os feridos do sismo de 6,8 na escala de Richter, que devastou diversas aldeias e cidades marroquinas. Mohamed VI, que já tinha demorado horas a reagir ao sismo, deslocou-se, esta terça-feira, ao centro hospitalar universitário com o seu nome, em Marraquexe, uma das zonas mais atingidas pelo terramoto da última sexta-feira, que matou mais de 2900 pessoas e fez mais de 5000 feridos.

O monarca alauíta chegou ao centro de carro, por volta das 16:30 locais (mesma hora em Lisboa), acompanhado por um longo cortejo de mais de 40 veículos oficiais e de segurança. Mohammed VI visitou a Unidade de Cuidados Intensivos do centro hospitalar e outra enfermaria, tendo sido informado do estado de saúde dos feridos ali internados e dos cuidados médicos que estão a receber.

Mohamed VI não se encontrava em Marrocos na sexta-feira, quando ocorreu o sismo. Estava na capital francesa, Paris, onde tem casa, e para para se desloca várias vezes por ano, sublinha o The Times. A ausência do rei nos momentos imediatamente posteriores ao sismo tinha chamado a atenção da população marroquina.

A visita do rei marroquino ao centro hospitalar em Marraquexe foi a segunda vez que Mohammed VI foi visto em público após o terramoto, depois de ter presidido sábado a uma reunião de trabalho com responsáveis civis e militares, em que definiu o programa de emergência para assistir as vítimas e reabilitar os edifícios danificados e decretou três dias de luto oficial.

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Primeiro-ministro também demorou a reagir

Na sequência do terramoto, que ocorreu na sexta-feira à noite e que provocou também mais de 5.500 feridos, Mohamed VI ordenou também a mobilização urgente do exército com meios humanos e logísticos significativos por via aérea e terrestre, bem como a criação de um hospital militar.

À semelhança do rei, também o primeiro-ministro marroquino, Aziz Ajanouch, manteve o silêncio durante mais de um dia após o terramoto. Só no domingo, o chefe do governo emitiu um comunicado de condolências às famílias das vítimas e apenas esta segunda-feira anunciou ajuda para a reconstrução de casas afetadas pelo abalo.

Em 2004, Marrocos sofreu um terramoto na cidade de Al Hoceima, em pleno Rif, que causou centenas de mortos. O monarca, que se encontrava nos primeiros anos do seu reinado, deslocou-se à região durante vários dias para apoiar as vítimas.

O tremor de terra de sexta-feira, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos — o Serviço Geológico dos Estados Unidos registou uma magnitude de 6,8. Este sismo é o mais mortífero em Marrocos desde aquele que destruiu Agadir, na costa oeste do país, em 29 de fevereiro de 1960, causando entre 12.000 e 15.000 mortos, um terço da população da cidade.