O filme “O rapaz e a garça”, do realizador Hayao Miyazaki, apresentado como o último do mestre japonês de animação, vai estrear em Portugal a 9 de novembro, revelou esta sexta-feira a distribuidora Outsider Films.

Este é o primeiro filme de Hayao Miyazaki em dez anos, depois de ter estreado “As asas do vento” (2013). Na altura, o cineasta anunciou que iria reformar-se, mas acabou por se dedicar a mais uma longa-metragem de animação, que é agora considerada a despedida.

“O rapaz e a garça”, produzido pelos estúdios Ghibli, teve estreia nos cinemas japoneses a 14 de julho e está agora a começar a ser exibido fora do Japão, como filme de abertura no Festival de Cinema de Toronto, no início deste mês, e parte da programação dos festivais de San Sebastian (Espanha) e de Londres. A longa-metragem de Miyazaki, 82 anos, inspira-se numa obra com o mesmo título, publicada em 1937 pelo autor de literatura para a infância Genzaburo Yoshino.

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Segundo a revista Variety, a narrativa é sobre um adolescente de 15 anos, numa viagem de amadurecimento espiritual, de descoberta da pobreza e do sentido da vida, com a ajuda do diário de um tio.

A circulação internacional do filme acontece numa altura em que os estúdios Ghibli anunciaram, esta semana, que vão passar a ser uma subsidiária da estação de televisão nipónica NTV, que lhes adquiriu 42,3% de quota da empresa. Os estúdios, com os quais a NTV já mantinha uma colaboração, conservam a autonomia artística e Miyazaki fica como presidente honorário da estação de televisão.

Uma das razões apontadas para esta decisão prende-se com a idade dos fundadores dos emblemáticos estúdios Ghibli, já que Miyazaki tem 82 anos, o produtor Toshio Suzuki tem 75 anos e o cineasta Isao Takahata morreu em 2018.

Goro Miyazaki, filho do realizador e ele próprio também autor de cinema de animação, era apontado um dos sucessores nos estúdios, mas recusou o papel de liderança da produtora e gestora de todo o património cinematográfico lançado.

O cinema de Hayao Miyazaki, distintivo pelo cruzamento entre fantasia e realidade, fortemente marcados pela espiritualidade, pela natureza e pela infância, integra, entre outros, os filmes “O meu vizinho Totoro” (1988), “A princesa Mononoke” (1997), “A viagem de Chihiro” (2001) — que lhe valeu um Óscar e um Urso de Ouro em Berlim —, “O Castelo Andante” (2004) e “Ponyo à beira-mar” (2008). É ainda autor de séries de televisão como “Conan, o rapaz do futuro” e manga (banda desenhada japonesa), como a série “Nausicaa”.