A saída de Alex Ferguson do Manchester United, em 2013 e logo depois de ser campeão pela 13.ª vez, abriu um vazio em Old Trafford que ainda não foi ocupado. David Moyes foi o herdeiro e fracassou, Louis van Gaal ganhou uma Taça de Inglaterra, José Mourinho acabou por ser o mais bem sucedido ao conquistar uma Liga Europa, Old Gunnar Solskjaer não teve sucesso e Ralf Rangnick foi uma espécie de interino prolongado que nunca resultou. Até que chegamos a Erik ten Hag.

O treinador neerlandês começou a nova temporada com o objetivo de iniciar uma página em branco depois de uma época em que conquistou uma Taça da Liga, o primeiro título do clube em seis anos, mas também ficou no olho do furacão com a desavença com Cristiano Ronaldo. Este ano, porém, já perdeu temporariamente Antony devido às acusações de agressão feitas ao brasileiro e também afastou indefinidamente Jadon Sancho, que defendeu ser o “bode expiatório” dos tropeções do Manchester United. E dentro de campo, nos resultados desportivos, a vida de Erik ten Hag também não tem sido fácil.

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Os red devils somaram quatro derrotas nas primeiras sete jornadas da Premier League e perderam os dois primeiros jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões, na Alemanha contra o Bayern Munique e em casa contra o Galatasaray. Contudo, e apesar das evidências, o treinador neerlandês mantém o objetivo de ser bem sucedido no Manchester United — e garante que não se trata de uma missão impossível.

“Essa é a maneira errada de olhar para as coisas. Estamos num sítio mau, mas temos de lutar. Toda a gente tem de perceber onde estamos e que temos de lutar juntos e estar na mesma página em cada ocasião. Temos de ter paciência e cabeça fria. Temos de permanecer juntos e concentrarmo-nos no que importa, que é jogar. Sabemos que o clube ainda está a atravessar um período de transição, mas também sabemos que temos a obrigação de ganhar todos os jogos. Não nos afastamos disso, não nesta equipa, não com esta equipa técnica e não com este treinador. Sou o responsável por impor a mentalidade certa. Dou 100% do meu esforço, todos os dias, com esse objetivo”, atirou Ten Hag na antevisão da receção deste sábado ao Brentford.

O Manchester United entrava com Casemiro e Amrabat no meio-campo, com Bruno Fernandes, Mason Mount e Rashford nas costas de Højlund, Diogo Dalot era titular na direita da defesa e Eriksen, Antony e Martial começavam no banco. Do outro lado, no Brentford, Wissa e Mbeumo surgiam no setor mais ofensivo e tanto Ghoddos como Neal Maupay eram suplentes na equipa de Thomas Frank.

Os red devils começaram a perder ainda na meia-hora inicial: Casemiro perdeu a bola de forma infantil no meio-campo, o Brentford soltou o contra-ataque e o Manchester United demonstrou uma fragilidade defensiva assustadora, com Mathias Jensen a aproveitar vários ressaltos para rematar na grande área e ainda beneficiar de uma intervenção fraca de André Onana (26′). Ao intervalo, ouviram-se assobios nas bancadas de Old Trafford. E Erik ten Hag deixou claro o que tinha achado da primeira parte ao trocar Casemiro — que já tinha sido expulso a meio da semana na Liga dos Campeões — por Eriksen logo no início da segunda parte.

O Manchester United voltou melhor para o segundo tempo, anulando o Brentford com recurso a uma subida de rendimento de Amrabat, mas continuava a ter dificuldades para criar oportunidades. Ten Hag voltou a mexer já depois da hora de jogo, trocando Mount e Rashford por Antony e Garnacho, Martial teve um golo anulado por fora de jogo (89′) e os red devils conseguiram mesmo o extraordinário nos descontos: com dois golos de McTominay já para lá do tempo regulamentar (90+3 ‘ e 90+7’), o United venceu o Brentford e evitou a terceira derrota consecutiva em Old Trafford, regressando aos triunfos e subindo ao 9.º lugar da Premier League.

Também este sábado, o Chelsea goleou o Burnley (1-3) e somou a terceira vitória seguida. Os blues até começaram a perder, com Wilson Odobert a abrir o marcador no quarto de hora inicial, mas deram a volta com um autogolo de Ameen Al-Dakhil, um penálti do jovem Cole Palmer e golos também de Sterling e Nicolas Jackson.