Desvaloriza sondagens e apresenta-se como exemplo vivo de que “não têm um grande valor”, já que no seu caso indicaram que ia perder Lisboa e acabou a ganhar a autarquia a Medina. Em entrevista à SIC Notícias, esta quarta-feira, Carlos Moedas nega o desnorte do líder do PSD e assume que Luís Montenegro está a fazer um “excelente trabalho, não só de televisão e entrevistas, mas no país — está no terreno, de cidade em cidade”.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) diz que eleições europeias serão oportunidade para mostrar o seu apoio a Montenegro e garante que o PSD irá vencer, destacando que o partido tem os “melhores eurodeputados portugueses”. Questionado sobre a possibilidade de assumir a liderança social-democrata, Moedas garante: “O meu futuro é sempre o presente e o meu presente é a Câmara de Lisboa, tudo o que e fui na vida nunca o imaginei ou sonhei, hoje sou um homem satisfeito e estou a fazer um trabalho que é à minha medida”. E assegurou: “Vou ser presidente da Câmara a 100%, tenho um mandato a cumprir.”

Luís Montenegro é a alternativa que o país tem, o PSD é o maior partido da oposição. É um homem que está a trabalhar todos os dias para o fazer e é nele que as pessoas vão votar”, reiterou o autarca, lembrando que os portugueses “estão muito cansadas deste Governo, que tem estagnado o país, com os serviços públicos a decair e hospitais a fechar”.

Presidente da CML aponta o dedo à extrema-esquerda. Acusa PCP e BE de antissemitismo e de serem “coniventes com o terrorismo”

“Historicamente, temos uma extrema direita que foi racista, mas atualmente começamos a ter uma extrema esquerda racista”, garantiu o autarca, referindo-se ao posicionamento das forças partidárias – nomeadamente do PCP e Bloco de Esquerda – em relação ao conflito entre Israel e a Palestina. “Vemos partidos de esquerda a defender organizações terroristas que violam mulheres e decapitam bebés e vemos uma extrema-esquerda conivente com o terrorismo”, defende Moedas, que considera estes posicionamentos “inaceitáveis”.

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“A extrema-esquerda mostrou a sua verdadeira face e as declarações de muitos partidos políticos da extrema esquerda roçam o antissemitismo”, acusou, lembrando que este é um momento histórico que dá uma “responsabilidade reforçada aos partidos moderados nas eleições europeias”.

Questionado sobre se o anúncio da celebração do 25 de novembro serviu para picar a esquerda, o presidente da capital garante que não. “Os vereadores não estão contentes sobre aquilo que serão aquelas cerimónias, como presidente da CML vou manter os eventos que vou fazer nesses dias. Já em 2024, quero homenagear os dois militares que morreram nessa altura, temos que homenagear a título póstumo os que morreram a 25 de novembro”. E assegurou que esta não é uma data de “direita ou de esquerda”, mas sim da democracia e assinala defensores da celebração: Ana Gomes e Mário Soares. “Se não tivéssemos tido o 25 de novembro estaríamos numa ditadura comunista”. assegurou.

Moedas afirma que “não leva lições do PS” na habitação e anuncia apoio municipal à renda a 2.000 famílias lisboetas em 2024

Sobre o Orçamento do Estado para 2024, Carlos Moedas defende que “não traz esperança aos portugueses” e dá o exemplo de Lisboa onde desceu impostos aos residentes. “Um país que não cresce não chega lá, estamos a descer impostos há dois anos em Lisboa – devolvemos 3,50% aos lisboetas. O Governo vem tarde, tendo em conta o dinheiro que o Governo tem nos cofres e que vem da UE, isto cheira a pouco”, acusa.

Segundo o autarca, só é possível “ajudar as pessoas mais vulneráveis se recebermos impostos das empresas” e, mais uma vez, apresenta a capital como exemplo. “Conseguimos atrair 54 empresas para Lisboa, estão a crescer e vão contratar 8.200 pessoas. Se queremos ser políticos sociais, que ajudam as pessoas mais vulneráveis, temos de criar emprego e apostar no talento português – não vejo isso no OE e vejo isso em Lisboa”, garante.

Também na habitação, afirma que o município que lidera é exemplar para o Estado Central. “Assinei 560 milhões em contratos para fazer habitação que é muito mais do que Fernando Medina tinha assinado no seu tempo, em relação a isso estou à vontade, fiz mais do dobro de Fernando Medina”, compara o autarca que derrotou o atual ministro das Finanças nas eleições autárquicas de 2021.

Moedas assegura: “Não levo lições do PS. Durante 1o anos na CML o PS construiu 17 casas por ano. Em dois anos, entreguei 1.412 chaves e tenho em construção mais mil casas.” Destaca ainda que já ajudou 800 famílias e que até ao final do ano vai chegar a 1.000 com o apoio municipal à renda. “Para o ano, se for preciso, eu duplico essa ajuda”. Ou seja, promete fundos para apoiar a renda a 2.000 famílias lisboetas em 2024.

Já em relação ao novo aeroporto de Lisboa, assegura que é necessário colocar-se “acima da política”. “O meu posicionamento é claro e já o dei à comissão técnica”, explica. Para Carlos Moedas há condições essenciais para a tomada de decisão: que o aeroporto seja na região de Lisboa, que mantenha um HUB em Lisboa, e que seja construído com rapidez. Teve ainda oportunidade de destacar as “decisões erráticas em relação à TAP”, assinalando o tempo que se perdeu com a renacionalização como “desolador”.

Anunciou ainda que, segundo as contas que vai apresentar esta quinta-feira, o município de Lisboa cumpriu o orçamento para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), recebida na capital em agosto. “As contas que vamos apresentar mostram que foram 34 milhões” – um milhão a baixo do que estava planeado, defendeu.