Esteve perto, andou ainda mais próximo, acabou sempre por não conseguir quebrar aquele pequeno-grande fosso entre o pódio e o quase. Em ano chave de qualificação olímpica e entre alguns problemas físicos, Telma Monteiro esteve por várias vezes no caminho das medalhas em provas internacionais mas ainda continuava à procura da primeira conquista de 2023. Ainda assim, a menos de dois meses de fazer 38 anos, cada prova até aos Jogos de Paris era um desafio com a história e este Campeonato da Europa, que arrancou esta sexta-feira na cidade francesa de Montpellier, surgia como exemplo paradigmático desse caminho da judoca.
Telma Monteiro perde bronze no ponto de ouro no Grand Slam de Paris de judo
Apenas pelo facto de marcar presença, Telma Monteiro, a melhor judoca portuguesa de todos os tempos, ia igualar o recorde de participações em Europeus que estava na posse de Joana Ramos, antiga atleta que é hoje treinadora e que competia na categoria onde a atleta do Benfica começou (-52kg) antes de passar para -57kg. No entanto, havia mais em jogo ou não fosse também o nome com mais títulos na competição retirando a extinta categoria open (a alemã Barbara Classen também tem 15 medalhas mas numa fase em que se podia fazer duas categorias na mesma edição). E com um fator extra: depois de 15 medalhas conseguidas nos primeiros 15 Europeus em que participou, a última edição em Sófia quebrou essa série de sucessos.
Até 2022, Telma Monteiro sagrou-se seis vezes campeã europeia. Duas vezes em -52kg, em 2006 (Tampere) e 2007 (Belgrado), mais quatro vezes em -57kg, em 2009 (Tbilísi), 2012 (Chelyabinsk), 2015 (Baku) e 2021 (Lisboa). A par disso, somou ainda mais duas pratas em -57kg (2011 em Istambul, 2020 em Praga) e sete bronzes entre -52kg (2004 em Bucareste, 2005 em Roterdão) e -57kg (2010 em Viena, 2013 em Budapeste, 2014 em Montpellier, 2018 em Telavive e 2019 em Minsk). No ano passado, e pela primeira vez, acabou por cair na fase preliminar da prova, resultado que pretendia agora “corrigir” entre o dia histórico.
Atual 12.ª classificada do ranking mundial da categoria, Telma Monteiro cruzou logo na primeira ronda com a russa Daria Kurbonmamadova (a competir como atleta neutra) e falhou aquela que poderia ser a histórica 16.ª medalha, caindo no primeiro combate e ficando de fora da luta pelo pódio depois de ser forçada a desistir por lesão na sequência de uma projeção que deixou a judoca portuguesa agarrada à perna com visíveis dores, sendo assistida ainda no tatami durante algum tempo antes de ser forçada a abandonar o combate. De acrescentar que Portugal soma nesta altura um total de 39 medalhas em Campeonatos da Europa entre 11 ouros, oito pratas e 20 bronzes, com Telma a ter mais de um terço das conquistas (15).
