Depois de uma fase de grandes conquistas até à medalha de bronze alcançada por Jorge Fonseca nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o judo nacional atravessou depois tempos conturbados entre queixas de vários atletas, pedidos de mediação na luta com a Federação e ameaças de processos. Depois das eleições no órgão, houve um quase reset em relação ao que se tinha passado mas, entre os sucessos que foram conseguidos em Grand Slams e Grand Prix, houve uma certa quebra a nível de resultados nas grandes competições continentais e mundiais. Entre as exceções, Catarina Costa era a única que chegava ao Campeonato da Europa de 2023 com um pódio para defender, neste caso a prata alcançada em Sófia. E o peso da medalha fez-se sentir.

A futura médica encontrou a receita quase perfeita: Catarina Costa conquista medalha de prata nos Europeus de judo

“Ser vice-campeã europeia é sempre um título importante. Foi bom e especial, assim como ter chegado à final desse campeonato. Esse é um dos resultados que marca a carreira, reparei nisso nos meses seguintes. Ganhei várias medalhas em Grand Slams, inclusive já venci um, assim como Grand Prix, mas não é disso que as pessoas se lembram. Ser medalhada num Europeu é daqueles resultados que ficam colados ao nosso nome e pelos quais nos recordam. Por isso, é uma competição especial”, tinha comentado a judoca portuguesa ao jornal A Bola antes da competição, num ano de 2023 em que foi ao pódio em Tashkent e em Ulan Bator.

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À terceira foi mesmo de vez (mas soube a pouco): Catarina Costa conquista medalha de prata no Grand Slam de Tashkent

“Vai estar uma prova concorrida e forte. Vim do Grand Slam de Abu Dhabi há pouco mais de uma semana, por isso será para ir combate a combate, com calma. Até porque na anterior competição deu para ver o nível a que me encontro e que estava a subir. Num Grand Slam pontuamos bem mais para o ranking olímpico mas penso que não há ninguém que não tenha vindo, até pela importância da prova. Ganhar um Europeu fica marcado na carreira, dá prestígio”, acrescentara ainda a judoca (e médica) de Coimbra, antes da prova para onde partia como oitava do ranking mundial de -48kg e onde ficara isenta da primeira ronda.

Catarina virou o mundo do avesso. O dela, o das outras, o de todos. E o diploma teve quase a forma de medalha

Esse crescendo de forma ficou bem patente na fase a eliminar. Depois de vencer a austríaca Katharina Tanzer (27.ª do mundo), Catarina Costa enfrentou Laura Martínez Abelenda (12.ª) e teve um combate com vários condicionantes, nomeadamente ter entrado no golden score com dois castigos antes de conseguir pontuar, passando às meias-finais e deixando a espanhola desolada por considerar que tinha o triunfo “controlado”. Seguia-se a eslovena Marusa Stangar, que aproveitou a eliminação da número 1 do mundo para passar a fase preliminar (a italiana Assunta Scutto, afastada pela azeri Leyla Aliyeva), e novo triunfo por waza-ari.

O pódio estava garantido e o cenário que se colocava na sessão vespertina em Montpellier era uma espécie de remake do último Campeonato da Europa, com a francesa Shirine Boukli, número 2 do ranking mundial, a chegar de novo à final frente a Catarina Costa após afastar nas meias-finais a espanhola Mireia Lapuerta Comas (13.ª). E o resultado voltou a ser o mesmo: a portuguesa sofreu um waza-ari praticamente no início do combate, conseguiu reagir também com um waza-ari e viu a decisão ficar adiada para o golden score quando ambas tinham um castigo, onde a gaulesa conseguiu ser mais forte em 5.24 minutos.

De referir que Catarina Costa foi a melhor atleta portuguesa no primeiro dia do Campeonato da Europa de Montpellier. Telma Monteiro, que procurava a 16.ª medalha de sempre na competição, acabou por desistir por uma lesão a cinco segundos do final dos quatro minutos de combate frente à russa Daria Kurbonmamadova (-57kg), enquanto Joana Diogo e Maria Siderot perderam no primeiro duelo dos -52kg frente a Sofia Asvesta (Chipre) e Chelsie Giles (Grã-Bretanha), respetivamente. No quadro masculino, Rodrigo Lopes também perdeu no combate inicial da categoria de -60kg frente ao italiano Andre Carlino.

Um adeus precoce em dia de recorde batido (e outro falhado): Telma Monteiro lesiona-se e desiste na primeira ronda do Europeu