Na altura em que se está a pintar uma parede, por vezes, o aconselhável é passar o rolo mais do que uma vez sobre a mesma superfície, ou seja, a tinta cobre a tinta. No caso de Novak Djokovic, trata-se de fazer história por cima de história e de continuar a tingir a carreira com grandes títulos.

Em Paris, ao regressar à competição um mês e meio depois da última vez que subiu ao court, o sérvio tornou-se no primeiro tenista a conquistar 40 Masters 1000 após bater Grigor Dimitrov (6-4 e 6-3). Levantar um troféu deste tipo não é uma novidade para Djokovic, que já era o jogador com mais Masters 1000 no currículo.

“Estou à procura de todos os recordes possíveis, todos os que puder bater. Nunca tive problemas em dizer isso. É por isso que as pessoas não gostam de mim. Não finjo como algumas pessoas, dizendo que não é o meu objetivo, e depois comporto-me de maneira diferente. Tentei sempre ser consistente com o que acredito”, comentou Djokovic após a glória em Paris.

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Podia parecer o discurso de um campeão, de alguém ambicioso que ganhou o que mais ninguém ganhou e que se quer manter no topo. No entanto, as palavras do sérvio serviram de resposta ao que Rafael Nadal disse, numa entrevista à Movistar. Nessa conversa com o canal espanhol, o tenista alimentou as dúvidas quanto ao fim da carreira. Anteriormente, o maiorquino tinha anunciado que encerrava o percurso como jogador no final de 2024. No entanto, mais tarde, referiu que ainda não tinha certezas de nada. O certo é que, até ao último dia, a rivalidade entre os dois vai continuar a existir.

Um anúncio difícil que não veio só: Rafael Nadal falha Roland Garros, fica de fora alguns meses e termina carreira em 2024

Em junho, com a vitória no Roland-Garros, Djokovic ultrapassou Nadal no topo da lista de jogadores com mais Grand Slams conquistados. Na entrevista à Movistar, o espanhol não deixou passar ao lado esse desaire. “Não estou frustrado por um motivo simples. Acredito que, dentro das minhas possibilidades, fiz tudo o que era possível para garantir que as coisas corressem da melhor forma possível para mim”, explicou. “Para ele teria sido uma frustração maior. Talvez seja por isso que o conseguiu, levou a ambição ao máximo. Tenho sido ambicioso, mas com uma ambição saudável que me permitiu ver as coisas em perspetiva, não ficar frustrado, não ficar mais irritado do que o necessário em court quando as coisas não corriam bem”.

A recuperar de lesão, Rafael Nadal não joga desde janeiro e do Open da Austrália, quando terminou o encontro contra Mackenzie McDonald visivelmente queixoso. “Há muitos anos sou um dos jogadores mais inativos do circuito. Perdi quatro anos e meio de Grand Slams”, comparou. “Djokovic também tem mais sucesso porque tem um nível de preparação física que lhe permite jogar mais do que eu”.

Com a vitória deste domingo, Novak Djokovic tornou-se no primeiro jogador a vencer sete vezes em Paris. O torneio francês tornou-se no Masters 1000 que o sérvio venceu mais vezes, seguido de Roma e Miami, locais onde o jogador de 36 anos conseguiu triunfar em seis ocasiões.