Afastado dos courts desde janeiro, cada intervenção pública de Rafael Nadal tem sido uma espécie de check up clínico. O espanhol lesionou-se no início de 2023 durante a segunda ronda do Open da Austrália e, posteriormente, anunciou que enfrentava uma longa paragem para se assegurar que recuperava totalmente dos problemas físicos para, em 2024, regressar e terminar a carreira. Afinal, pode já não ser bem assim.

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“Disse que possivelmente 2024 será o meu último ano. Mantenho isso, mas não posso confirmar a 100%. Acho que há uma boa hipótese de que sim, porque sei como está o meu corpo, mas não sei como estará daqui a quatro meses. Não tenho certeza do que farei em 2024, porque vai mudar completamente dependendo dos objetivos que tiver. Se não recuperar é uma coisa, se conseguir competir num nível que me entusiasma é outra. A minha esperança é, em meados de novembro, saber como estou fisicamente”, disse o espanhol numa entrevista à Movistar Plus+.

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A lesão durante a partida contra o norte-americano Mackenzie McDonald na Austrália deixou claro que Rafael Nadal não se encontrava na plenitude das suas capacidades. Apesar de ter sido nessa ocasião que o alarme soou, o jogador maiorquino admite que desde que jogou contra Carlos Alcaraz (março de 2022), em Indian Wells, não mais foi o mesmo. Nadal não arrisca colocar como objetivo vencer um Grand Slam, preferindo afirmar que “tem esperança de voltar e ser competitivo”.

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Depois ter sido operado à perna esquerda e à anca, o tenista conta que nem sempre colocou os cuidados com o corpo em primeiro lugar. “Mudaria muitas coisas na minha vida e na minha carreira. Tomei decisões erradas no que diz respeito à proteção do meu físico. Fiz isso quando era mais jovem, mas durante anos fui um dos melhores jogadores do circuito. Djokovic está melhor, porque a sua forma física o deixou jogar mais do que eu. Mas enganei-me ao pensar que as minhas decisões eram boas”.

No que a tenistas diz respeito, Espanha não tem sido mal representada. Carlos Alcaraz continua a dar boa conta de si nos torneios mais relevantes da modalidade. Os 20 anos de Carlitos, em contraste com os 37 de Nadal, evidenciam um cenário de mudança de capítulo, mas, para já, o mais velho continua a resistir à entrega do testemunho. “[Alcaraz] tem uma projeção brutal. Tem a potência, a ambição… Mas depois na carreiras de cada atleta podem acontecer muitas coisas. É difícil aconselhá-lo. Sou muito mau a fazer isso, porque aprendi mais com os exemplos com as palavras. Se tivesse que dizer algo, dizia-lhe só que continue a melhorar”.

Além do ténis, durante a entrevista, Nadal também abordou eventuais caminhos para o seu futuro, tendo aberto a possibilidade de se tornar presidente do Real Madrid. “Não tenho esse sonho, mas gostava. Mas hoje não há nada a dizer, porque temos o melhor presidente possível [Florentino Pérez]. A vida dá muitas voltas e temos que considerar se alguém está qualificado para certas coisas”, disse o espanhol. “Acho que não cumpro os requisitos para o ser”, acrescentou.