Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, foi o primeiro a reagir às buscas e detenções desta manhã, a partir da Assembleia da República. “Estamos neste momento perante factos de enorme gravidade, mas essa gravidade decorre, principalmente, da reunião de urgência que o primeiro-ministro teve com o Presidente da República”, afirmou.

Entretanto, António Costa já voltou à residência oficial de Marcelo Rebelo de Sousa e anunciou que vai falar ao país às 14 horas. O PSD ainda não se pronunciou, Montenegro convocou reunião urgente da comissão permanente do partido para hoje à tarde. “Após a reunião, o Presidente do PSD fará uma declaração ao país”, apontou o partido.

Para o líder da IL, “o normal seria que o primeiro-ministro chegasse à conclusão que não tem condições para continuar em funções”. Uma vez que, “neste momento sabe-se que pelo menos três pessoas do círculo de pessoas próximas do primeiro-ministro foram detidas. Rui Rocha garante ainda que desconfia que o padrão ético de António Costa seja baixo. O liberal lembrou ainda que António Costa amarrou o seu futuro político a João Galamba. E garantiu: “Não podemos ter o primeiro-ministro em funções com o seu círculo íntimo detido ou arguido”.

André Ventura, líder do Chega, fez um apelo direto ao primeiro-ministro, e pediu que “tome em consideração a imagem de Portugal perante o exterior e perante os seus cidadãos”, perante os desenvolvimentos desta manhã e que, antes de qualquer decisão do Presidente da República, “seja ele próprio a pedir a demissão“.

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“Aparentemente, é o nome do primeiro-ministro que está em causa”, afirma o deputado, assegurando que um caso como este é inédito. E acrescenta: “Não está em causa o estatuto processual de ninguém, mas sim um negócio que envolve milhões e que chamuscam a credibilidade do Governo”.

Ventura recorda que, quando João Galamba tomou posse, “o Chega disse no Parlamento que esta era uma afronta à justiça”, lembrando que nessa altura só se sabia o que tinha sido reportado pelos órgãos de comunicação social. O líder do Chega considera que “este era um aspeto dispensável e a que os portugueses podiam ter sido poupados”. E ressalva: “Tanto quanto me recordo é a primeira vez que um chefe de Gabinete do primeiro-ministro é detido e que há buscas na residência oficial do primeiro-ministro”.

“Isto não diz que António Costa e os envolvidos são culpados, mas significa que a Justiça encontra algumas suspeitas na conduta de ministros em funções e na conduta do primeiro-ministro. Esta situação é intolerável para a Democracia e não permite com grande margem a continuidade do Governo em funções”, disse ainda.

Livre, PAN e PCP assumem incerteza, mas aguardam desenvolvimentos

À esquerda, os partidos alertaram para que não sejam retiradas conclusões precipitadas. Rui Tavares, deputado único e líder do Livre, diz que perante os factos conhecidos durante esta manhã, deve apurar-se o “quadro de explicações que o primeiro-ministro deve dar”. Só depois disso, segundo ele, é que haverá “oportunidade de darmos todos o nosso juízo”. E garantiu: “O que o Livre não faz é antecipar juízos que contribuam para inflamar ainda mais o ambiente”.

O PAN, por sua vez, apela ao primeiro-ministro para “não manter Galamba”, mas “desconhece” se factos colocam Governo em causa. Inês Sousa Real, líder do PAN, acaba de reagir no Parlamento aos desenvolvimentos no processo relacionado com os negócios do lítio e do hidrogénio. “Na dimensão política, sempre apelámos ao primeiro-ministro que fizesse uma reformulação no Governo e para dar uma resposta ao país”, diz a deputada, que assume “incerteza sobre o que vai ser o futuro do Governo e da discussão do OE”.

“Apelamos ao bom senso de António Costa para não manter este ativo que tem no Governo — João Galamba — e para manter uma maioria dialogante com as deliberações da AR”, afirma Sousa Real. Questionada sobre a manutenção do Governo nas atuais circunstâncias, respondeu: “Com os factos que temos desconhecemos se o Governo está em causa, respeitamos o princípio da presunção de inocência”.

“Para o PAN esta é mais uma machadada na confiança dos cidadãos naquilo que é a confiança dos cidadãos na política”, afirma a deputada, que refere que na dimensão da justiça, “devemos salvaguardar sempre o princípio da presunção de inocência, havendo uma investigação em curso”. E acrescenta: “Confiamos no trabalho do Ministério Público.”

Paula Santos, deputada do PCP, também falou no Parlamento e garantiu que “o Governo já está bastante fragilizado ao não dar a resposta aos problemas que são emergentes ao nosso país”. Assegura que, perante a situação concreta, “são necessários esclarecimentos ao país e que, no plano da Justiça, haja o apuramento do que é necessário e que se retirem daí todas as consequências”.