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"Monarch": Godzilla e amigos entram num bar

Imagine que um grupo de titãs virava série de TV com nostalgia e um toque de “Stranger Things”. A Apple TV+ chegou lá primeiro e criou “Monarch: Legacy Of Monsters”. Primeiro episódios no dia 17.

Godzilla é um dos monstros que surge em alguns momentos da série, piscando o olho ao seu nascimento no cinema (1954), tornando-se central por ser a referência maior
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Godzilla é um dos monstros que surge em alguns momentos da série, piscando o olho ao seu nascimento no cinema (1954), tornando-se central por ser a referência maior

Godzilla é um dos monstros que surge em alguns momentos da série, piscando o olho ao seu nascimento no cinema (1954), tornando-se central por ser a referência maior

Na mesma semana que começa o fim de The Crown, na Netflix, a Apple TV+ estreia uma produção que deve muito a outro (gigantesco) sucesso da concorrente de streaming: Stranger Things. A aventura juvenil mas não só entre monstros e mundos paralelos ficou a dever-nos um final neste ano, brinde que a greve dos argumentistas adiou. E, sem conclusão, vale a pena começar algo de novo em 2023 que inclua criaturas pouco saudáveis e de enormes dimensões e fenómenos difíceis de explicar. Eis Monarch: Legacy Of Monsters, série desenvolvida por Chris Black e Matt Fraction, parte do “MonsterVerse” — sim, isso existe — que inclui os remakes recentes de Godzilla, King Kong e que até já tinha invadido a televisão com a série de animação Skull Island (estreou-se há uns meses na Netflix). Godzilla é o monstro em destaque nesta nova série, porque parte da fundação de Monarch assenta nos eventos do filme de 2014, quando o lagartão destruiu São Francisco.

Comecemos pelo óbvio: o que é a Monarch? Parte organização secreta que pretende salvar o mundo destes monstros, parte entidade burocrática que parece praticar o mal só porque sim, a Monarch instala-se desde os momentos inicias no ADN da série (ou não estivesse no título) e tem uma presença difusa nos primeiros oito episódios desta temporada (ao todo serão dez, mas antes da estreia só foram disponibilizados oito à imprensa). Existe a história da fundação, que surge em todos os episódios em flashback, com as aventuras do trio formado por Lee Shaw (Wyatt Russell, filho de Kurt Russell), Keiko (Mari Yamamoto) e Bill (Anders Holm). Durante os anos 1950, o trio anda à cata de fenómenos estranhos até que dão de caras com um destes titãs (nome que atribuem a estas criaturas gigantes). Godzilla surge em alguns momentos, piscando o olho ao seu nascimento no cinema (1954), tornando-se central por ser a referência maior.

[o trailer de “Monarch: Legacy of Monsters”:]

As viagens ao passado são um ótimo veículo para perceber o que está por detrás da fundação da Monarc e para compreender o fenómeno e as diferentes manifestações que a entidade tem. Vão além do contexto narrativo, fornecem informação nas entrelinhas que permite ao espectador perceber e elaborar todo o universo que se vai construindo à medida que os episódios avançam. Vamos descobrindo que Monarch tenta mais recuperar a inocência de Goonies (há uma referência direta a isso num dos episódios) do que criar uma série de glorificação de monstros.

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Essa vertente gooniesca é o passaporte para Stranger Things. No presente há um trio de personagens iniciais, Cate (Anna Sawai), Kentaro (Ren Watabe) e May (Kiersey Clemons). Os dois primeiros são meios-irmãos, que se conhecem aquando da morte do pai, quando ambos descobrem que esse mesmo pai levava uma vida dupla, entre os Estados Unidos e o Japão — não é método narrativo mais inovador e mais credível, mas convenhamos, esta é uma série com monstros gigantes. May foi em tempos namorada de Kentaro, também técnica de informática de serviço, com um passado um tanto ou quanto obscuro. Cate e Kentaro são netos de Keiko e essa ligação de sangue é o que os motiva a perceber o que se está a passar no mundo e quais os reais interesses da Monarch.

Lee Shaw — o do presente — tenta absorver essa vontade dos jovens adultos para mover os próprios interesses. Nos episódios vistos, fica pouco claro se os movimentos de Shaw têm interesses benignos ou se este está apenas a querer recuperar um momento de vitória que lhe foi retirado nos 1950s, por causa de decisões suas no momento de fundação da Monarch.

Apesar de elementar, a trama de Monarch rejuvenesce quando agarra o espírito de “jovens adultos numa aventura que inclui monstros gigantes”. O terceiro e quarto episódios passam-se no Alasca, quando os miúdos e Lee Shaw são atacados por um titã e, em paralelo, conta-se como May e Kentaro se conheceram. São capítulos que entusiasmam pela forma como o imaginário de Monarch toma conta da situação e dilui o espectador através daquele momento. Nada melhor do que partilhar a aventura com as personagens e esquecer, por momentos, que estamos perante uma série sobre monstros gigantes.

Parte da piada desta nova série da Apple é viajar com as personagens à volta do mundo, entre os 1950s e 2015, à procura de pistas dos titãs, como se fosse uma partida do jogo de vídeo "Monster Hunter"

Na verdade, essa era a grande vitória de Stranger Things, certo? Levar quem vê até um lugar nostálgico e fantástico e, em simultâneo, tirar da cabeça do espectador o elemento de fantasia: como se fosse uma jornada que vivemos na cabeça, na imaginação, passar pelas nuvens escuras da fantasia adolescente como adultos. Nos melhores momentos, Monarch replica essa sensação, nos piores agacha-se — e perde muito tempo com isso — na visão de conspiração por detrás da instituição Monarch. Essencial para dar vigor à trama? No início sim, para instaurar a dúvida, mas lá para a frente tem um efeito miudinho que nem aquece nem arrefece.

Mas ficamos até ao fim. Os monstros gigantes trazem a sensação de blockbuster para a sala de estar, o Godzilla — e os restantes — da televisão em nada fica a dever ao do cinema (tirando, claro está, a insuperável espetacularidade que só dimensão de uma sala pode oferecer). Quanto ao resto, está tudo lá, mais numa dinâmica de aventura e de destruição iminente do que a vertente de ação que prevalece nas versões cinematográficas (seja de Godzilla ou de Kong).

Sem Winona Ryder mas com Kurt Russell, Monarch: Legacy Of Monsters cumpre na missão de TV fantástica. Vive às custas de um universo já criado e que foi bem recuperado há cerca de uma década. A gestão de Godzilla e amigos é bem feita ao ponto de haver pouca ansiedade em volta da ausência (nos primeiros episódios) de “quando é que eles chegam a uma cidade para destruir isto tudo”. Parte da piada desta nova série da Apple é viajar com as personagens à volta do mundo, entre os 1950s e 2015, à procura de pistas dos titãs, como se fosse uma partida do jogo de vídeo Monster Hunter. E quando as personagens os encontram, vê-se que os milhões da Apple foram bem gastos.

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