O líder socialista da Flandres, Conner Rousseau, demitiu-se esta sexta-feira, após ter feito comentários considerados racistas sobre a etnia cigana. “As polémicas estão a distrair muitas atenções da essência do partido”, justificou, citado pelo Brussels Times, o belga que lidera o Vooruit, uma força partidária de centro-esquerda que está presente no parlamento do país.

A demissão do líder socialista acontece depois de, na semana passada, o Ministério Público da Bélgica ter aberto um procedimento de mediação para resolver o assunto fora dos tribunais. Conner Rousseau revelou que foi aconselhado a encetar “conversações com a comunidade cigana” e também a visitar o museu Kaserne, dedicado ao Holocausto. Além disso, revelou o político de 31 anos, terá de fazer terapia para entender “o impacto das palavras e do uso da linguagem”. 

Em setembro, num bar, Conner Rousseau fez comentários considerados racistas perto de um polícia. A imprensa holandesa revelou depois o que terá dito o político: “As pessoas no meu prédio são racistas e eu entendo isso. Temos que ser honestos: são sempre os homens escuros”. Para além disso, o belga sugeriu que fosse usada “mais força” contra a etnia cigana, lamentando que não pudesse “expulsar a ralé escura” do país.

As declarações causaram um tumulto político, principalmente dentro do Vooruit. Vários membros partidários distanciaram-se e criticaram as palavras de Conner Rousseau. Por exemplo, Emelie Peeters, vereadora socialista na câmara municipal de Gent, disse que declarações racistas “não podem ser toleradas”. “E são totalmente inaceitáveis para um líder de um partido socialista porque são contra os valores da igualdade e da solidariedade.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Um mês depois do episódio do bar, o socialista desculpou-se. Numa conferência de imprensa, Conner Rousseau lamentou as “declarações insultuosas” dirigidas contra a etnia cigana. “Não é consistente com o que sou. Com o meu trabalho voluntário, com a pessoa que sou, com o meu compromisso político”, afirmou o líder partidário, citado pelo Politico.

Garantindo que se tratou de um “deslize” e de um “momento infeliz”, o líder do Vooruit recordou que estava “bêbedo” quando disse aquelas palavras. “Nunca diria o que disse se estivesse sóbrio”, defendeu Conner Rousseau. Mesmo assim, a oposição e o próprio partido não aceitaram as justificações do socialista, considerando-as uma desilusão.

A 17 de novembro, Conner Rousseau acabou mesmo por se demitir, desta vez lamentando o que definiu como um “erro sério”. O partido Vooruit, na conta oficial do X (antigo Twitter), agradeceu ao líder. “Obrigado por ter feito com que a Flandres acreditasse novamente no socialismo. Obrigado por colocar as lutas sociais em primeiro lugar. Corajoso e responsável.”