“Wish: O Poder dos Desejos”

Apesar de sair das mãos da mesma equipa responsável pelos dois Frozen — O Reino do Gelo (com o acrescento de uma estreante como co-realizadora, Fawn Veerasunthorn), de combinar animação tradicional desenhada e em aguarela com a computacional, e de referir e homenagear por várias maneiras (a começar pelo título, que remete para a canção When You Wish Upon a Star, de “Pinóquio”) as longas-metragens animadas clássicas do seu fundador, esta nova produção da Disney não chega nem aos calcanhares daquelas, e não afasta a profunda crise criativa e artística que se vive no estúdio. Passada no reino mágico (e multicultural) de Rosas, situado numa ilha, a história envolve o rei local, também feiticeiro, e guardião dos maiores desejos dos seus súbditos, e uma adolescente, Asha, que o desafia. Wish: O Poder dos Desejos não consegue passar da mediania, estetica, narrativa e musicalmente, e na capacidade de entreter, arrebatar e maravilhar. É muito pouco, sobretudo na altura em que a Disney comemora os seus 100 anos.

“A Noite do Dia 12”

Uma rapariga é queimada viva uma noite num bairro residencial de Grenoble, e a polícia judiciária local começa a investigar o horrendo crime, liderada por um jovem capitão recém-promovido, que acaba por ficar obcecado pelo caso, muito parco em pistas, apesar de haver vários suspeitos. Em A Noite do Dia 12, o realizador Dominik Moll (Harry, um Amigo ao seu Dispor, Lemming)  segue a investigação, ao mesmo tempo que mostra as dificuldades profissionais quotidianas e os problemas pessoais e familiares dos polícias nela envolvidos, que acumulados com a frustração do caso não sair da cepa torta, podem levar a comportamentos violentos contra suspeitos. Este policial “naturalista” e minucioso acaba por borrar a pintura toda, ao intrometer na história, a partir de certa altura,  o discurso maniqueísta e primário do feminismo radical, segundo o qual as mulheres são todas vítimas indefesas e os homens potenciais violadores e assassinos.

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“O Céu em Chamas”

Depois do excelente Undine, este é o segundo de um conjunto de filmes envolvendo os quatro elementos assinados pelo alemão Christian Petzold. O Céu em Chamas junta, no Verão, numa vivenda de férias junto ao Báltico, Leon, um jovem escritor, que está a rever o manuscrito de um livro, e Felix, o seu amigo estudante de artes e fotógrafo, a cuja mãe pertence a casa, aos quais se juntam, inesperadamente, Nadja, uma amiga daquela, e o seu namorado Devid. Seguem-se tensões, complicações e equívocos sentimentais entre os quatro, a visita do editor de Leon e um incêndio na floresta, que vai precipitar uma tragédia e algumas revelações. Petzold parece estar indeciso entre fazer uma comédia ou um drama, e O Céu em Chamas resulta num filme muito tépido, hesitante no tom e finalmente frustrante, isto apesar das boas interpretações de Thomas Schubert no frustrado Leon, e sobretudo de Paula Beer em Nadja.

“Napoleão”

A primeira longa-metragem de Ridley Scott, O Duelo (1977), passa-se durante a época napoleónica. Agora, várias décadas depois, o realizador inglês regressa a ela com Napoleão, que pretende ser uma biografia do imperador dos franceses, bem como a história da sua relação com a primeira mulher, Josefina, assim como um épico histórico-militar. O filme começa durante a Revolução Francesa, na época do Terror, com a execução de Maria Antonieta, e vai seguindo a carreira militar e a ascensão política de Napoleão Bonaparte (interpretado por Joaquin Phoenix),  nunca perdendo de vista a sua história de amor com Josefina (Vanessa Kirby), mesmo depois do divórcio causado por esta não lhe conseguir dar filhos, concluindo com a derrota na batalha de Waterloo e o exílio e a morte em Santa Helena. Napoleão foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.