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O governo do Irão sublinhou esta segunda-feira que “não se espera que os Estados Unidos façam parte da solução” do conflito desencadeado após os ataques a Israel de 7 de outubro perpetrados pelo movimento islamita palestiniano Hamas.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, acusou Washington de “ignorar a realidade na Palestina” e de “fazer parte da guerra”.

“Os Estados Unidos têm sido parte do problema durante as últimas décadas”, sustentou, denunciando que Washington “apoiou totalmente o regime sionista em todas as áreas e impediu o fim da guerra”.

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Segundo Kanani, citado pela agência noticiosa iraniana Tasnim, os planos dos Estados Unidos “não ajudaram a pôr fim aos problemas” entre palestinianos e israelitas.

Só ajudariam na procura de uma solução para o conflito, prosseguiu, se retirassem o apoio ao regime de Israel.

“Pelo que temos observado, os Estados Unidos querem alcançar o que não conseguiram através de meios políticos. Por outras palavras, querem materializar os seus objetivos não alcançados através de uma guerra cruel“, disse Kanani, que sublinhou que “a nação Palestiniana não permitirá que qualquer pessoa beneficie de interesses ilegítimos”.

“É a nação palestiniana que tem o direito de decidir o seu destino. As ações injustas dos Estados Unidos não ajudarão a resolver a crise sem levar em conta a realidade”, reiterou, ao mesmo tempo que referiu que Teerão apoiou os esforços para alcançar a trégua de quatro dias acordada entre Israel e o Hamas, que expira esta segunda-feira, sublinhando esperar que possam ser convertidos num “cessar-fogo permanente”.

Kanani lembrou que o Irão exige “o fim da agressão” israelita e afirmou que “o regime [de Telavive] não obteve qualquer vitória” no quadro da ofensiva contra o enclave palestiniano.

O regime sionista não estabelece limites quando se trata de violar as normas internacionais e demonstrou que violou todos os direitos do povo de Gaza”, denunciou.

Por outro lado, afirmou que o Irão “não desempenha nenhum papel” nos ataques perpetrados nas últimas semanas por “grupos de resistência” contra bases militares no Iraque e na Síria, onde estão destacados militares dos Estados Unidos, acontecimentos que atribuiu a “uma natural reação” destas formações ao “papel não construtivo” dos norte-americanos e ao “apoio” de Washington aos crimes do regime sionista.

O porta-voz do governo iraniano também defendeu que “apoiar a Palestina é uma questão permanente” na agenda diplomática de Teerão, pormenorizando que a prioridade é “acabar com a agressão, acabar com o bloqueio [a Gaza], enviar ajuda humanitária” e evitar a transferência forçada da população palestina.

“Tivemos sucessos tangíveis. Agora a questão da Palestina tornou-se uma questão importante para os países muçulmanos”, avisou Kanani.

“Felizmente, esta questão tornou-se global e o desejo de pôr fim aos crimes [das autoridades israelitas) é agora um desejo global”, acrescentou, defendendo que Telavive “não cumprirá os seus objetivos se não estiver sob pressão” internacional.

Israel retaliou no mesmo dia ao ataque surpresa do Hamas, que provocou cerca de 1.200 mortos, com o movimento islamita palestiniano a sequestrar mais de 240 pessoas.

As autoridades de Gaza, controlada pelo grupo islâmico, relataram até agora mais de 14.800 mortes, incluindo mais de 6.100 crianças, devido à ofensiva militar israelita ou em ataques perpetrados por colonos desde 07 de outubro.