O presidente da Câmara de Lisboa reclamou esta terça-feira um elogio da esquerda sobre a reabertura da Rua da Prata, ao que o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior atribuiu “meio elogio, porque só arranjou meia rua”.

“Não pode pedonalizar uma rua sacrificando outra, e o que está a acontecer na Rua da Madalena é inaceitável, mais de 6.000 carros por dia. Ou faz uma ZER [Zona de Emissões Reduzidas] ou não faz uma ZER”, afirmou o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), responsável pela gestão do território onde se localiza a Rua da Prata.

Rua da Prata em Lisboa reabre na sexta-feira sem circulação automóvel e com canal ciclopedonal

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Na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, para apresentar e responder sobre o trabalho do executivo camarário entre setembro e outubro, o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), destacou a intervenção na Rua da Prata, que esteve em obras desde dezembro de 2022 e reabriu no passado dia 24 de novembro, sem circulação automóvel e com canal ciclopedonal, esperando “ouvir um elogio” dos partidos da esquerda.

“Nunca oiço um pequeno elogio. Não peço um grande elogio. […] Falavam tanto na ZER”, expôs o autarca do PSD.

Defendendo os interesses dos residentes da freguesia de Santa Maria Maior, o socialista Miguel Coelho afirmou: “Só lhe posso dar meio elogio, porque só arranjou meia rua e o resto da rua ainda é o caleiro antigo”.

Do partido Livre, Isabel Mendes Lopes saudou o executivo pela abertura da Rua da Prata às pessoas, mas alertou para a necessidade de criar zona verdes e de haver uma abordagem conjunta para não impactar nas restantes artérias como a Rua da Madalena.

Carlos Moedas concordou com a criação de zonas verdes dentro da rua e defendeu uma visão de conjunto para reduzir o tráfego na Baixa, com a instalação de câmaras de videovigilância para controlar a entrada de carros nessa zona da cidade, considerando que “não faz sentido criar barreiras físicas”.

O autarca do PSD comprometeu-se ainda a avaliar a alteração dos sentidos de trânsito nas laterais da Avenida da Liberdade, acreditando que essa decisão reduz a poluição, mas é preciso dados que o comprovem, existindo disponibilidade para tomar medidas consoante os resultados.

António Morgado Valente, do PAN, questionou sobre a solução para o encerramento do centro de acolhimento a pessoas em situação de sem-abrigo no quartel de Santa Bárbara, ao que o presidente da câmara defendeu a implementação de um projeto de inovação social na ala norte da Manutenção Militar, no Beato, num imóvel que o Governo já tinha estipulado transferir para a câmara, mas que recuou neste mandato municipal sob a liderança de PSD/CDS-PP.

“É um bocadinho estranho e lamentável. A câmara municipal vai continuar a lutar para ter essa ala norte”, frisou Carlos Moedas.

A vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, Sofia Athayde (CDS-PP), adiantou que o plano municipal para a pessoa em situação de sem-abrigo 2024-2030 será apresentado em 13 de dezembro e prevê 81 medidas, inclusive intervenção em contexto de rua, distribuição alimentar, alojamento com resposta específica para idosos e para doença mental e resposta habitacional de pernoita diária de caráter imediata, com um orçamento de 70 milhões de euros.

O deputado Miguel Graça, do Cidadãos Por Lisboa (eleito pela coligação PS/Livre), criticou “o uso de truques de ilusionismo” no número de casas entregues pela liderança PSD/CDS-PP e Vasco Barata, do BE, acusou Carlos Moedas de propaganda sobre as 1.400 casas já entregues, lamentando a decisão do atual executivo de “parar todos os projetos de construção pública” e de optar por “uma solução que seja vantajosa para os investidores imobiliários”.

“Quais foram os projetos que paramos? Quais os privados especuladores que eu favoreci? […] Ofende-me profundamente quando diz que eu favoreci alguém”, expôs Carlos Moedas.