Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um equipamento de baixo custo para detetar lixo espacial, revelou esta segunda-feira esta instituição de ensino superior.

O projeto “Algoritmos de detritos espaciais em imagens de constelações de satélites para a caracterização e determinação orbital de detritos”, do estudante de doutoramento em Engenharia Física no Departamento de Física (DF) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra Joel Filho venceu uma bolsa da Agência Espacial Europeia (ESA) de 90 mil euros.

“Estamos a desenvolver um método para identificar e caracterizar o lixo espacial em imagens, baseado em algoritmos de deteção de open source (código aberto) e determinar as suas órbitas para utilização a bordo de satélites, fazendo uso das imagens que estes utilizam para determinação da sua orientação no espaço, imagens essas que não podem ser armazenadas, mas das quais se extrairão informações relativas aos detritos espaciais antes de serem apagadas”, disse, citado num comunicado, Joel Filho.

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De acordo com a Universidade de Coimbra, a crescente concentração de lixo espacial apresenta um risco cada vez maior para as atividades espaciais.

Atualmente, sabe-se que há cerca de 35 mil objetos com mais de 10 centímetros (cm) de diâmetro a orbitar a Terra, sendo que são apenas conhecidas as órbitas de cerca de 90% deles, havendo também cerca de um milhão, com tamanhos entre um e 10 cm, quase todos por catalogar.

Estima-se ainda que existem cerca de 130 milhões de objetos, entre um milímetro (mm) e um cm, por rastrear.

“É precisamente por estas razões que o estudo do lixo espacial é hoje, e cada vez mais, uma área prioritária nas ciências do espaço, e a  Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra também está envolvida nisso”, afirmou o investigador do Departamento de Física e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), Nuno Peixinho, esclarecendo que “os atuais radares e telescópios óticos terrestres, usados para deteção e rastreamento de lixo espacial, estão limitados pela sua sensibilidade, implicando limites de tamanho baixos para os detritos, fornecendo um catálogo com uma muito pequena quantidade do total”.

Acresce o facto de ser difícil obter informações precisas sobre a localização orbital destes objetos.

A ideia é desenvolver um equipamento constituído por minicomputadores com câmaras de baixo custo e o algoritmo de deteção que está a ser desenvolvido pelo estudante de doutoramento.

As câmaras já foram testadas da Terra para o espaço com o intuito de perceber se são capazes de detetar o rasto deixado pelos satélites, que é muito semelhante ao lixo espacial, e os resultados são bastante promissores.

A investigação está a ser desenvolvida sob a orientação de Nuno Peixinho, Paulo Gordo, da empresa Synopsis Planet e do CENTRA, e Rui Melício, da Universidade de Évora.

Joel Filho vai realizar uma fase do seu projeto de tese no Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) da ESA, em Darmstadt, na Alemanha, e poderá trabalhar diretamente com o diretor do Gabinete de Lixo Espacial (Space Debris Office) da Agência Espacial Europeia, Tim Flohrer.