Na véspera de Natal o Presidente cumpre sempre a tradição de ir beber ginginha no Barreiro, este ano no meio de uma crise política e de um caso que o afeta muito diretamente: a suspeita de tratamento preferencial das gémeas luso-brasileiras, depois de contactos do seu filho Nuno Rebelo de Sousa. Marcelo não foi brando com o filho, dizendo que o contacto direto entre Nuno Rebelo de Sousa e Lacerda Sales, enquanto secretário de Estado da Saúde, mostra que “não conseguiu chegar onde queria por outro caminho” e garante sentir-se “consolado” com dados sobre a sua popularidade.

“Tenho muita pena de não ter sabido disso há quatro anos”. Marcelo garante que só soube agora, pelas notícias, das diligências do filho junto do então responsável do Governo que aconteceram há quatro anos. “Nessa altura é que eu devia ter sabido”, comentou aos jornalistas no Barreiro: “Mas isso diz respeito às relações pessoais. É evidente que pessoalmente retiro as conclusões de não ter sido dito o que devia ter sido dito, que permitia intervir para que não tivesse acontecido o que aconteceu”.

Ainda assim, acredita que esse encontro prova que Belém nada fez para favorecer o caso. Sem referir o nome do filho, Marcelo considera que “quem organizou e fez esse encontro fê-lo porque não conseguiu chegar onde queria por outro caminho, através do Presidente ou da Presidência. Por isso é que a seguir foi tentar outra coisa“. Mais tarde ainda acrescentaria que tudo isto suscita “uma situação pessoal muito desagradável. Ainda por cima na pior altura do ano para ter situações desagradáveis que é o Natal”.

Lacerda Sales admite que soube do caso das gémeas através de Nuno Rebelo de Sousa

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Sem que ninguém lhe perguntasse, Marcelo disparou logo com a terceira conclusão que retira nesta altura e que diz respeito a si mesmo: a sua popularidade nas sondagens está segura. “Não podem ser só notícias menos boas como esta última”, referiu sobre aquela que envolve o seu filho, passando diretamente para a sua popularidade junto dos portugueses que “estão firmes”, garante. Segundo as últimas sondagens, refere Marcelo, “65% mantém a confiança no Presidente e não troca o conhecimento do Presidente de há 20 ou 30 anos por dois ou três meses em que tem havido crise política e em que houve muitas informações contrárias ao Presidente”. E rematou sobre o assunto: “Isso é uma consolação que eu registo”.

Saiu sem querer falar mais no caso e atirando aos jornalistas, que insistiam em mais perguntas, um “quem tem de falar não sou eu”. Nuno Rebelo de Sousa recusou sempre falar do caso desde que começou a ser contactado sobre a notícia da TVI.

Antes de o assunto ter chegado ao caso das gémeas, Marcelo ainda disse que este ano brindava “à paz” já que é ela que pode ajudar a fazer descer a inflação, os juros do crédito à habitação e também a fazer “crescer a economia na Europa, que não arranca sem a economia alemã a crescer”, afirmou.

Em Portugal disse haver três eleições importantes, colocando especial foco nas nacionais, as legislativas e as europeias, esperando que “o balanço de 2024 seja melhor do que dos anos anteriores”.