A promoção da presença e dos negócios de empresas de Singapura em Portugal e vice-versa é a missão da Aliança Singapura-Portugal para a Inovação, cujo lançamento aconteceu esta sexta-feira em Lisboa numa iniciativa da SPIA.

Em declarações à agência Lusa à margem do evento de lançamento, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) explicou que o Singapore-Portugal Innovation Alliance (SPIA) “vai funcionar como uma câmara de comércio”, no âmbito do mandato da carta de missão da agência de “apoiar mais a atividade das câmaras de comércio bilaterais, das câmaras de comércio portuguesas no estrangeiro e das câmaras de comércio de outros países em Portugal, que são multiplicadores e fazem um trabalho complementar” ao daquele organismo.

Considerando que ainda “há muito a fazer” para potenciar o relacionamento económico entre os dois países, Filipe Santos Costa afirmou que Singapura, “apesar de ser um pequeno país, tem uma economia muito acima da sua dimensão e muito aberta”, assumindo-se como “uma plataforma global quer para logística, quer para energia, quer para o digital e o financeiro”.

Temos muito interesse em aumentar as relações com Singapura, nomeadamente na perspetiva de podermos atrair para Portugal mais investimento de Singapura ou de empresas multinacionais com presença em Singapura”, sustentou, apontando os setores “com maior intensidade tecnológica” — desde maquinarias, a aparelhos e semicondutores — como “os que se destacam ao nível da atração de investimento”.

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“Neste momento, temos um grande investimento da PSA International, que é uma empresa de navegação, temos uma empresa do setor financeiro e tecnológico, que é a August One, temos a HolyWally, que é uma empresa de carteira digital, etc. Portanto, anda muito na área da inovação e da tecnologia, e o que podemos tentar atrair de Singapura são mais investimentos com uma grande carga de inovação, tecnológica e empresarial”, disse o presidente da AICEP.

Relativamente ao comércio bilateral, Filipe Santos Costa diz que “também cresce bem”, com as importações a aumentarem 9,6% e as exportações 5,5% de janeiro a outubro de 2023 face ao período homólogo e as trocas bilaterais a somarem cerca de 330 milhões de euros em 2022.

“Obviamente que há aqui muito espaço para crescer, mas o que eu destacaria é que os fluxos do comércio são de produtos com um grande valor tecnológico, sobretudo de componentes de semicondutores”, referiu.

Segundo o líder da AICEP, a promoção dos negócios entre os dois países é “de tal maneira importante” para a agência que esta vai abrir “muito em breve” uma delegação em Singapura, junto à embaixada de Portugal, que “vai coordenar toda a presença da AICEP na área da Associação das Nações do Sudeste Asiático”.

Filipe Santos Costa destaca ainda o papel de Singapura enquanto “porta de entrada para outros países”, nomeadamente para a Malásia, Indonésia e Filipinas, e potenciadora de exportações portuguesas de produtos das fileiras do agroalimentar, casa e saúde ou da exportação de serviços e tecnologias nacionais na área da energia do ambiente.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações de Portugal para Singapura aumentaram 5,5% de janeiro a outubro de 2023 face ao período homólogo de 2022, somando 105,7 milhões de euros. No mesmo período, as importações cresceram 9,6%, para 196,3 milhões de euros.

Estes valores fazem de Singapura o 46.º cliente de Portugal, com uma quota de 0,16% das exportações, e o 41.º fornecedor, com uma quota de 0,22% das importações portuguesas.

Já Portugal foi, em 2022, o 43.º cliente e o 50.º fornecedor de Singapura, com uma quota de 0,17% e 0,08% das exportações e importações daquele país, respetivamente.

Os dados do INE apontam para cerca de 550 empresas portuguesas exportadoras de bens para Singapura em 2022, destacando-se, de longe, as máquinas e aparelhos (nomeadamente circuitos integrados eletrónicos) e de combustíveis minerais como os produtos mais exportados.