Depois de uma vitória tranquila frente a Richard Gasquet e de um encontro bem mais complicado diante do italiano Lorenzo Sonego, Carlos Alcaraz conseguiu mostrar o seu melhor ténis na terceira ronda do Open da Austrália ao bater o wildcard Shang Juncheng após desistência do chinês quando o encontro já estava com 6-1, 6-1 e 1-0. Segue-se o surpreendente Miomir Kecmanovic nos oitavos, após os triunfos do sérvio com Jan-Lennard Struff e Tommy Paul, sendo que só esse triunfo nessa partida já tinha permitido que entrasse no livro dos recordes através de dois feitos diferentes mas que mostram que o espanhol é um fenómeno.

Por um lado, Carlitos tornou-se o jogador com mais vitórias em torneios em piso duro do Grand Slam (ou seja, Open da Austrália e US Open) antes dos 22 anos, ultrapassando com 22 triunfos Andy Roddick (21) após superar nomes como Novak Djokovic, Lleyton Hewitt e Michael Chang (20). Por outro, tornou-se o mais jovem a atingir por sete ocasiões os oitavos de Majors do ténis, passando o registo máximo que pertencia antes ao sueco Björn Borg. “O meu grande objetivo é manter o meu nível ao longo de todo o ano. Em 2023, depois de Wimbledon, perdi jogos que não devia perder mas o ténis é mesmo assim”, apontou o espanhol, antes de fixar uma meta na carreira que passa por chegar aos registos de um outro “monstro”.

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“Tento não dar muita importância a esses registos porque os recordes que quero bater são aqueles que o Novak está a bater. Esses são os recordes que proponho para a minha carreira. Chegar a registos de lendas como Björn Borg é sempre bom mas se dás muita importância, vai jogar contra ti. Ser o melhor? Cada um tem de olhar para si mesmo e não tenho medo de expressar o que quero alcançar e conseguir. Temos de sonhar em grande e não tenho receio de dizer abertamente quais são os meus sonhos. Há pessoas que podem gostar, outras nem por isso. Uma das coisas que aprendi é que não se pode agradar o todo o mundo, há sempre quem goste mais ou menos, mas sou ambicioso e não tenho medo de nada”, destacou.

Com Jannik Sinner a mostrar que mantém o momento com que terminou o último ano, com Andrey Rublev a ganhar a batalha a Alex De Minaur e com Daniil Medvedev a ter pela frente esta madrugada o sensacional Nuno Borges, cada vez mais se olha para a possibilidade de um duelo de titãs entre Alcaraz e Novak Djokovic e o próprio sérvio parece querer mostrar que está preparado para isso, como se viu na forma como chegou aos quartos onde terá agora pela frente Taylor Fritz (que bateu o grego Stefanos Tsitsipas): 6-0 no primeiro set, 6-0 no segundo set, 6-3 no terceiro set que foi quase um alívio para todos os que assistiam à partida diante do francês Adrian Mannarino, que pagou a “fatura” das quase 12 horas jogadas antes.

“Não ganhei muitas vezes nesta situação, talvez a primeira tenha sido no meu primeiro Roland Garros em que estive a ganhar ao [Robby] Ginepri pot 6-0, 6-0 e 3-0. Penso que foi bom ter perdido um jogo porque estava a crescer uma tensão nas bancadas, queriam que ele ganhasse um jogo e que entrasse na partida mas era inevitável não pensar na opção de ganhar com um triplo 6-0. Pensava que ia sentir menos stress esta temporada mas no final estou a sentir a mesma. Sou muito perfecionista e quero sempre dar o meu melhor de mim. Se não o fizer, fico frustrado. Sou um competidor nato”, comentou após nova vitória.

Ainda assim, houve um pequeno ponto que o sérvio não quis deixar de admitir: a organização colocou como jogo em horário “nobre” a fechar a sessão o duelo entre o australiano De Minaur e o russo Andrey Rublev e não a partida de Djokovic. “Não é um segredo para ninguém que adoro jogar no período das sete da tarde em Melbourne mas não me posso queixar de como correu desta vez”, salientou, depois de mais uma vitória que lhe valeu outro dos poucos recordes que não tem: 58 presenças nos quartos de torneios do Grand Slam, igualando o registo de Roger Federer e à frente de Rafa Nadal (47) e Jimmy Connors (41).