O rio Tejo registou esta segunda-feira uma diminuição dos caudais o que permitiu a reabertura de muitas estradas que estavam submersas no distrito de Santarém, indicou à Lusa fonte da Proteção Civil, perspetivando um desagravar progressivo da situação.

“Os caudais têm vindo a diminuir, estamos com débitos mais baixos das barragens, e, atendendo a que deixou de chover, essa diminuição tem sido razoavelmente constante e a tendência é, a continuar desta forma, que em breve possamos deixar de ter um conjunto de situações, como estradas submersas”, disse à Lusa o presidente da Comissão Distrital de Santarém da Proteção Civil, Pedro Ribeiro, explicando que “o em breve será até ao final da semana”.

A Comissão Distrital de Proteção Civil de Santarém acionou na sexta-feira, às 20h00, o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo no nível de Alerta Azul, o mais baixo de uma escala de quatro, devido à subida das águas, após uma reunião de avaliação dos caudais e das descargas das barragens.

A decisão foi tomada depois de os valores previstos atingirem o limite para ativação do Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo (1.500 m3/s).

De acordo com a Proteção Civil, as barragens de Castelo do Bode, Fratel e Pracana, “em conjunto, estavam a debitar 2.600 m3/s às 20h00”, o que provocou inundações em algumas zonas ribeirinhas e motivado o resgate de três pastores nas margens do Tejo, na zona de Alvega (Abrantes).

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A Proteção Civil apontou a “precipitação que se tem sentido em Portugal” e as “descargas das barragens e afluentes da bacia hidrográfica do Tejo” como os fatores que geraram um “aumento considerável dos níveis hidrométricos e caudais do rio Tejo e seus afluentes”.

“Tivemos um pico no fim de semana, na sexta-feira e depois no fim de semana, pico esse que desde domingo tem vindo a decrescer”, disse hoje Pedro Ribeiro.

De qualquer forma, acrescentou, o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo “ainda está ativo, na sua fase mais baixa, a azul, e é isso que irá suceder até os caudais baixarem o suficiente para que o possamos desativar”.

O presidente da Comissão Distrital, que também preside ao município de Almeirim, na Lezíria do Tejo, reconheceu, contudo, que esta situação de cheia, apesar de alguns constrangimentos, sendo em pequena escala, é “benéfica” para a região, nomeadamente para a agricultura e aquíferos.

“Os benefícios superam claramente os constrangimentos, sendo [a água] muito importante para o campo, para a produtividade da agricultura e para recarregar os aquíferos. As pessoas estão habituadas, todos sabem o que têm a fazer e, como tal, não nos causa grandes problemas”, indicou.

As descargas das barragens da bacia hidrográfica do Tejo estabilizaram no domingo, com reflexo durante o dia de hoje na diminuição ligeira, mas constante dos caudais, mantendo, no entanto, níveis hidrométricos ainda elevados e com algumas vias submersas, situação que leva a Proteção Civil de Santarém a manter o Plano Especial de Emergência ativo.

De acordo com a informação dos Comandos Sub-Regionais da Lezíria do Tejo e Médio Tejo, que estão a monitorizar a situação, verificam-se esta segunda-feira constrangimentos em quatro municípios do distrito de Santarém.

Em Abrantes, onde a Estrada de Tramagal para Santa Margarida e a Estrada de Campo — Tramagal estão submersas, e em Coruche, onde se verifica ainda a submersão da Ponte da Escusa, da Estrada Municipal (EM) – Estrada de Meias (de ligação à Estrada Nacional 114 — Estrada Nacional 251), dos Caminhos Municipais (CM) 1427 (de ligação da Estrada Nacional 114-3 à Estrada Nacional 119) e do CM H (de ligação da Estrada Nacional 114-3 à EM 515 Biscainho).

No município de Golegã, o Caminho Municipal dos Lázaros está submerso e em Benavente a Estrada Municipal 1456 mantém-se interditada à circulação.

Ainda na Lezíria, a estrada na margem esquerda do Rio Sorraia está submersa e continua o alagamento dos campos de cultivo da lezíria do Sorraia.