O cardeal Américo Aguiar alertou esta terça-feira para as condições de trabalho dos mariscadores do Tejo, questionando o que deve ser feito para que aqueles trabalhadores não sejam vítimas de exploração e morte.

Numa nota a propósito da morte nos últimos dias de um mariscador e o desaparecimento de outro, na área da diocese de Setúbal, onde é bispo, Américo Aguiar chama a atenção para o facto de a atividade ser “ilegal, que ciclicamente os media e as autoridades a todos (…) lembram e mostram…”.

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“Estes irmãos sonham construir sonhos, alimentar famílias de longe, muito longe e de perto. É ilegal, mas todos baixamos a guarda e os olhos… É exploração, mas porventura usufruímos e baixamos os olhos…”, escreveu o cardeal na mensagem preparada em Fátima, onde participa nos trabalhos da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.

Américo Aguiar considera ainda que aquela atividade que muitos imigrantes praticam no Tejo “é o modo de subsistência de muitas famílias, de mulheres, homens e crianças”.

“Que podemos e devemos fazer? Como corresponder às expectativas de todos os envolvidos, quem marisca, quem vende, quem compra? Como fazer bem feito, sem explorar, sem desrespeitar, sem matar? Infelizmente não sei responder. Sinto-me envergonhado e impotente todas as vezes que passo a Ponte Vasco da Gama e os vejo ao longe, ali estão a mariscar…”, acrescentou.

Segundo a Diocese de Setúbal, esta nota pode alargar o seu âmbito “a todos os que vivem situações de exploração e pobreza, numa altura que coincide com a publicação da Declaração Dignitas infinita, sobre a dignidade humana”.

Aquela declaração divulgada na segunda-feira pelo Vaticano aponta a pobreza como “um dos fenómenos que mais contribui para negar a dignidade dos seres humanos”.

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