A Unidade Local de Saúde (ULS) de São José realizou 406 transplantes de órgãos no ano passado, mais 19,7% relativamente a 2022, revelam dados divulgados esta terça-feira, segundo os quais o transplante do pulmão atingiu o maior número de sempre.

Em 2023, seis em cada 10 dadores eram homens e a idade máxima do dador foi de 86 anos, referem os dados avançados à agência Lusa pelo Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação (GCCT) da ULS São José, que engloba os hospitais São José, Curry Cabral, Santa Marta, Capuchos, D. Estefânia e Maternidade Alfredo da Costa.

Segundo os dados, foram realizados no Hospital Santa Marta nove transplantes cardíacos e 88 transplantes pulmonares.

No Hospital Curry Cabral, foram realizados 118 transplantes de fígado, 87 de rim e 17 transplantes de pâncreas, e no Hospital São José, foram feitos 170 transplantes de córnea.

Em declarações à Lusa, o diretor do GCCT, Fernando Rodrigues, explicou que alguns dos órgãos que foram avaliados e transplantados têm origem fora dos hospitais da rede do gabinete da ULS São José.

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“A unidade do Hospital de Santa Marta responde a todos os candidatos a transplante dos pulmões do país. Isso significa que quando existem dadores de pulmão nos hospitais da rede dos outros gabinetes nacionais essa avaliação tem que ser feita por nós”, explicou.

Por outro lado, acrescentou, “também há órgãos que avaliamos, colhemos e enviamos para unidades que articulam com os outros gabinetes nacionais, porque efetivamente esta área de doação e da transplantação é uma área de funcionamento em redes a nível nacional”.

Relativamente ao transplante pulmonar, Fernando Rodrigues explicou que todos os transplantados rececionaram os dois pulmões, tendo havido um aumento de 35 recetores em 2022 para 44 em 2023.

Segundo Fernando Rodrigues, houve um “aumento sustentado” dos transplantes em 2023, que considerou ser “fruto da recuperação” que tem vindo a ser feita dos anos da pandemia e “do ajuste das unidades de cuidados intensivos à nova realidade, com a diminuição de ocupação de camas por doentes vítimas de covid grave e também por “uma maior disponibilidade para a assistência a potenciais dadores e ao tratamento que esses potenciais dadores carecem” antes de se avançar para uma colheita de órgãos efetiva.

No ano passado, houve sete dadores vivos de rim e um dador vivo de fígado, disse, observando que a legislação portuguesa também já permite “a doação altruísta” em que o dador desconhece quem vai receber o órgão, tendo havido até ao momento dois dadores.

Na ULS São José, a única instituição que tem unidades de transplante para todos os órgãos sólidos, também é feita a colheita e aplicação de tecidos.

Fernando Rodrigues explicou que os tecidos são utilizados, por exemplo, na unidade de queimados, que utiliza a pele de cadáver ou a membrana amniótica, que é extraída a partir da doação das placentas das grávidas, que são submetidas a uma cesariana programada, um tipo de doação que existe na Maternidade Alfredo da Costa.

No Hospital dos Capuchos, é realizado o transplante de células hematopoiéticas nas situações de tumores do foro sanguíneo.

“Portanto, há uma abrangência do atendimento a doentes a necessitar de transplante em todas as áreas da transplantação na Unidade Local de Saúde São José”, rematou o responsável, apelando à doação de órgãos.

“Infelizmente, todos os anos há pessoas que acabam por falecer em lista de espera para transplante por não termos órgãos disponíveis que possam responder a todos”, sublinhou, observando que o rim é o que tem o maior número de doentes em lista de espera.

Contudo, para todos os órgãos há uma lista de espera para transplante, que situa em mais de 2.200 doentes.