792kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

A internet está convencida de que Taylor Swift escreveu um livro. Afinal, quem está por trás de "Argylle"?

"Argylle", novo filme de espiões de Matthew Vaughn, é supostamente baseado num livro cuja autora é um mistério. Das camisolas de inverno à mochila para gatos, de onde vem a "teoria Taylor Swift"?

Vários fãs acreditam que cantora norte-americana (que já usou pseudónimos no passado) escreveu secretamente o seu primeiro romance
i

Vários fãs acreditam que cantora norte-americana (que já usou pseudónimos no passado) escreveu secretamente o seu primeiro romance

Vários fãs acreditam que cantora norte-americana (que já usou pseudónimos no passado) escreveu secretamente o seu primeiro romance

O que liga uma história de espionagem, a atriz Bryce Dallas Howard, uma camisola de inverno, um gato escocês e Taylor Swift? A fazer crer na mais recente teoria da conspiração que tem estado a ganhar protagonismo nas redes sociais, mais do que se possa pensar. Argylle, do realizador Matthew Vaughn (Kingsman, Kick-Ass, ), chega às salas portuguesas em fevereiro e tem estado no centro de uma acesa discussão quanto à sua verdadeira autoria. Isto porque o livro no qual o filme supostamente se baseia é assinado por uma autora-mistério – uma autora que cada vez mais pessoas acreditam ser nada menos que Taylor Swift.

Se, à primeira vista, tal ideia pode parecer um tanto ou quanto descabida, a verdade é que, ao longo dos últimos meses, várias “provas” têm vindo a surgir, dando credibilidade à ideia de que a cantora norte-americana pode ter escrito o seu primeiro romance. A teoria já foi até desmentida pelo realizador de Argylle, mas nem por isso os fãs se demoveram da ideia que, seja ou não verdade, se tem assumido como um belo exemplo de marketing indireto ao filme de ação de Vaughn.

A ideia começou a ganhar tração em outubro do ano passado, pouco após o lançamento do trailer de Argylle. Crucial para o aparecimento da conspiração é o facto de o filme se tratar de uma “história dentro de uma história”, juntando duas narrativas. A primeira, um enredo de espionagem protagonizado por Henry Cavill, Dua Lipa e John Cena, é na verdade uma ficção da segunda, em que Bryce Dallas Howard interpreta Elly Conway, uma autora de livros de espionagem de sucesso – incluindo uma suposta série de livros de Argylle – que se vê arrastada para uma teia de intriga internacional quando espiões do “mundo real” se apercebem que tudo aquilo que escreve nos livros se concretiza na realidade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por seu turno, o filme é supostamente baseado num livro do mesmo nome assinado, justamente, por “Elly Conway”. Argylle (o livro) foi lançado a 10 de janeiro deste ano, com edição portuguesa da Top Seller, chancela da Penguin Random House. A compra dos direitos para a adaptação cinematográfica foi anunciada em setembro de 2022 pela Apple, por um valor a rondar os 200 milhões de dólares (cerca de 183 milhões de euros). O valor já de si impressionante levantou ainda mais questões já que Argylle se tratava então de um manuscrito não-publicado por uma autora estreante.

Tentativas de descobrir mais acerca de “Conway” cedo se mostraram em vão, e começaram a expor uma realidade: “Elly Conway” (a autora real) provavelmente não existe. Pedidos de entrevista, ou sequer de informações junto dos supostos representantes da autora eram ignorados, e pesquisas pelo nome na internet não revelavam respostas além de uma curta biografia no site da Penguin Random House.

Eventualmente, uma página de Instagram emergiu, atribuída à autora. A página, contudo, não contém qualquer imagem de “Conway”, sendo maioritariamente constituída por posts promocionais ao livro e ao filme e pela ocasional fotografia de locais de Nova Iorque, cidade onde reside. “Como é que perturbam uma introvertida? Publiquem o primeiro romance dela, tenham o Matthew Vaughn a comprar os direitos para o filme e digam-lhe que ela tem de começar a usar as redes sociais para ter ‘visibilidade’”, lia-se numa publicação da autora há cerca de um ano.

Contudo, a principal indicação de que “Elly Conway” não se trata de uma pessoa real está no próprio título do livro que, supostamente, escreveu. Argylle esconde, na verdade, um duplo sentido: separando a palavra em dois, constatamos que as primeiras três letras soletram o acrónimo “ARG”, ou alternate reality game, um tipo de jogo narrativo que esconde pistas no mundo real e utiliza técnicas transmedia para esconder um mistério que cabe aos jogadores resolver; já a segunda metade é composta pelo nome “Elly” escrito de trás para a frente.

Perante tudo isto, a questão da identidade de “Conway” e a ausência de respostas à imprensa e ao público foi adensando o mistério. Ainda assim, permanece a questão: como é que milhares de pessoas chegaram ao nome de Taylor Swift?

sweater, a mala e o gato: a “teoria Taylor Swift”

Quando soube que tinha vencido o prémio de Pessoa do Ano para a Time, Taylor Swift fez uma questão inusitada: “Posso levar o meu gato?”. Foi assim que Benjamin Button, um dos seus animais de estimação, apareceu junto da cantora na capa da revista norte-americana. Conhecida pelo amor aos felinos, Swift aproveita todas as oportunidades para mostrar os seus três gatos (além de Benjamin, há ainda Meredith Grey e Olivia Benson, todos com nomes baseados em conhecidas personagens da ficção). Uma ligação que convenceu boa parte dos fãs que Swift é a autora-mistério de Argylle.

Nos últimos meses, as pistas e evidências têm vindo a acumular-se, levando vários fãs da cantora a especularem sobre o envolvimento desta no projeto. Algo deste género não seria caso único na carreira de Swift que, no passado, já usou pseudónimos para assinar letras que escreveu (por vezes não o revelando durante vários anos) e cuja presença de alter-egos seus em vídeos como All too Well é bem conhecida.

As evidências para a “teoria Taylor Swift” são circunstanciais, mas convincentes. Em primeiro lugar há a questão do filme de Argylle – que, na verdade, é um argumento original de Jason Fuchs, sem ligação direta ao livro do mesmo nome. Bryce Dallas Howard interpreta a “Elly Conway” do filme, uma autora com agorafobia (o medo de sair de espaços considerados seguros, como a casa), cujas parecenças com Swift são notórias. Além disso, a personagem interpretada por Bryce Dallas Howard tem por companhia um scottish fold – uma raça de gato fortemente associada a Swift, que tem dois.

“Num contexto mais geral da cultura pop, sinto que ela meio que monopolizou o mercado no que diz respeito a essa raça”, disse ao Washington Post Nora Princiotti, redatora e podcaster do site The Ringer. Chip, o gato do filme, tem sido de resto um dos principais destaques da campanha promocional de Argylle. Uma imagem, em particular, chamou a atenção: a de Chip numa mochila de viagem para gatos, que é de resto um dos posters do filme – e que encontra paralelo, precisamente, no documentário de Taylor Swift, Miss Americana, em que a dada altura a cantora é vista a deslocar-se com um dos seus scottish folds numa mala muito parecida à da personagem de Bryce Dallas Howard. “Só vi aquela imagem uma outra vez na minha vida: às costas da Taylor Swift no Miss Americana”, disse Princiotti.

À esquerda, Chip, o gato visto no póster de "Argylle"; à direita, uma imagem de Olivia Benson, a gata de Taylor Swift tal como aparece em "Miss Americana

Se tal não fosse suficiente para convencer os fãs, há ainda a questão do nome “Elly Conway”. Como já foi referido, pesquisas na internet não revelaram quaisquer dados sobre a suposta autora do livro. O que não quer dizer que não tenham sido encontradas informações de relevo. Além de referências a Argylle, um outro resultado surge ao procurarmos pelo nome: o de uma “Elly Conway” fictícia, personagem de Neighbours, uma telenovela australiana com quase 40 anos de emissão. À primeira vista esta personagem não teria nada a ver com a cantora norte-americana, não fosse o facto de a sua primeira aparição televisiva ter ocorrido a 13 de dezembro de 2001 – 13 de dezembro é, precisamente, o aniversário de Taylor Swift.

Pelo meio, há ainda outros fatores que têm chamado a atenção dos fãs, como o facto de Taylor Swift ser fã de camisolas de inverno de padrão argyle (o título seria assim outra referência), ou facto de a conta de Instagram supostamente atribuída à “Elly Conway” real publicar imagens que podem ser lidas como referências a videoclipes da cantora. “Lamento colocar as coisas nestes termos, mas é uma história que capta por completo a zona erógena dos swifties“, brincou Princiotti.

Esta não é, contudo, a única teoria em torno da autoria do livro. Numa tentativa de chegar à verdade, o Washington Post levou a cabo uma investigação que, não sendo conclusiva, chegou a uma outra possibilidade: Tammy Cohen, uma pouco conhecida autora britânica, que desde 2010, publicou vários thrillers e romances históricos. Nem Cohen nem os seus agentes literários responderam às questões do jornal norte-americano.

Quem se pronunciou sobre o assunto foi o realizador de Argylle, Matthew Vaugh, que veio a público negar o envolvimento da estrela pop com o livro ou com o filme. “Há uma Elly Conway real que escreveu o livro, mas não é a Taylor Swift”, garantiu o cineasta à revista Rolling Stone. “Já li a conspiração e fiquei impressionado — eles não deixam uma pedra por virar! Mas não é a Taylor Swift, garanto que ela não escreveu o livro”.

Ainda assim, o realizador britânico assumiu que a cantora foi responsável pelo gato visto no filme — que é, de resto, o animal de estimação da família de Vaughn. “Cheguei a casa um dia, era Natal, e ouvi um barulho estranho. (…) Os miúdos tinham visto o documentário da Taylor Swift, onde havia um scottish fold, e convenceram a minha mulher [a modelo Claudia Schiffer] a dar-lhes um gatinho pelo Natal”, recordou o cineasta. Um ponto final no mistério ou outra pista para os mais atentos descodificarem? Os adeptos da teoria parecem estar convencidos que se trata da segunda hipótese. Argylle (o filme) chega às salas a 1 de fevereiro — e talvez com ele surjam por fim algumas respostas.

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos