Olivia Dunne nasceu e cresceu no meio do desporto. A mãe, Katherine, foi ginasta e cheerleader na universidade. O pai, David, jogou futebol americano universitário. A irmã, Julianna, praticou softball. Mas foi à prima Isabella, que fazia ginástica artística, que foi roubar o sonho. “Ela tinha um maillot cor de rosa e eu também queria um”, contou. Tão simples quanto isso.

Atualmente, a norte-americana de 21 anos que é natural de Nova Jérsia é uma das atletas universitárias mais mediáticas do país. E deu mais um passo nessa direção no último fim de semana: com uma coreografia de solo impressionante, quebrou o recorde pessoal de pontos na atual temporada e ajudou a LSU Tigers, a equipa de ginástica da Universidade do Louisiana, a vencer a Universidade do Arkansas nas finais da National Collegiate Athletic Association (NCAA) e a bater também o próprio registo pontual da história do programa.

Olivia Dunne, porém, é muito mais do que uma ginasta universitária. Deu os primeiros passos da forma habitual, começando a realizar os primeiros exercícios com apenas três anos e tornando-se a mais nova de sempre a entrar no USA International Elite quanto tinha 11 anos. Deixou a escola e passou a ter aulas em casa aos 14, para se dedicar quase por inteiro à ginástica, mas tudo explodiu em 2020 e quando a pandemia apareceu. A norte-americana entrou no TikTok, a rede social que também teve um enorme boost de popularidade durante os confinamentos, e tornou-se uma verdadeira sensação.

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Neste momento, é a atleta da NCAA com maior impacto nas redes sociais, tendo mais de sete milhões seguidores no TikTok e outros cinco no Instagram. Estabeleceu parcerias comerciais com várias marcas, como a BodyArmor, a American Eagle Outfitters e a Vuori, e recentemente revelou que o encaixe financeiro que faz com publicidade chega aos sete dígitos –acrescentando que uma simples publicação no Instagram pode valer-lhe 500 mil dólares. Atualmente, tem uma valorização estimada de 3,5 milhões de dólares, algo que já lhe garantiu a alcunha de “Menina de Ouro”, e no mundo do desporto universitário só fica atrás de Bronny James e Arch Manning, o filho de LeBron James e o sobrinho de Peyton Manning.

A enorme base de fãs que segue Olivia Dunne já obrigou a LSU Tigers, a Universidade e a própria NCAA a aumentarem o nível de segurança dos eventos em que a ginasta participa. A norte-americana foi capa da revista Sports Illustrated em 2023 e voltará a sê-lo em 2024, já apareceu em anúncios nos ecrãs de Times Square e foi recentemente acusada de usar Photoshop nas fotografias que partilha nas redes sociais — um micro escândalo que não afetou em nada a influência que tem junto dos mais jovens.

Embora neste momento esteja muito ligada à ginástica universitária e afastada da USA Gymnastics, que poderia dar-lhe acesso aos Jogos Olímpicos, a verdade é que Olivia Dunne já competiu pelos Estados Unidos. Aliás, em 2017 até conquistou uma medalha de ouro em Itália, no all around de um torneio júnior, sendo que a sua especialidade são as barras assimétricas. A partir daí, porém, deixou de aceitar treinar com a USA Gymnastics — e já assumiu que parte da decisão está associada aos escândalos de abuso sexual que surgiram nos últimos anos.

“Devia ter uns 10 anos quando comecei a perceber que podia chegar aos Jogos Olímpicos. Deixava a minha semana durante uma semana por mês para ir treinar ao USA Olympic Training Center. Mas a ginástica teve escândalos terríveis e todo aquele ambiente… Não era bom”, começou por dizer a norte-americana numa entrevista recente a um podcast, acrescentando que ficou quase desencantada com o sonho olímpico.

“Estava na equipa dos Estados Unidos e quando tinha 16 anos olhei em volta e percebi que a USA Gymnastics estava destruída. Eu estava naquele programa e pensei que queria ser saudável. Continuar na universidade, ser feliz e adorar a modalidade. É isso que me mantém na ginástica”, acrescentou, ainda que não rejeite por completo a possibilidade de mudar de ideias.