O golo de Francisco Conceição a quatro minutos do final ainda devolveu uma pequena esperança aos adeptos do FC Porto mas mais não foi do que um último fôlego incapaz de impedir o inevitável. Pouco antes, apesar de todo o apoio que tinha vindo antes das bancadas, começaram a ouvir-se cânticos como “Palhaços, joguem à bola” que o 3-2 acalmou e o apito final potenciou. Quando a equipa se aproximou junto da zona dos adeptos azuis e brancos, os assobios e a contestação era tanta que os jogadores ficaram alguns segundos, deram meia volta e regressaram aos balneários. Ao contrário do que tinha acontecido por exemplo no empate frente ao Boavista no Bessa, não houve sequer espaço para sentir a insatisfação que vinha das bancadas.

O ai Jesus de Fábio por ter um Cristo pela frente (a crónica do Arouca-FC Porto)

Apesar de faltarem ainda 13 jornadas para o final do Campeonato, o FC Porto já igualou o número máximo de derrotas nas últimas oito temporadas (quatro) e leva 18 pontos perdidos, apenas menos quatro do que o máximo de pontos cedidos desde que Sérgio Conceição assumiu o comando dos azuis e brancos (2020/21). É certo que o Arouca fez história ao conseguir pela primeira vez ganhar e marcar por três vezes aos dragões, alcançando uma histórica série de quatro triunfos consecutivos no arranque da segunda volta como nunca conseguira na Primeira Liga, mas foi a falência dos portistas, que não ganham há duas jornadas e perderam o estatuto de melhor defesa da prova apesar dos dois golos sofridos pelo Benfica em Guimarães, que ficou como imagem principal de uma noite que pode ter atrasado de vez a equipa na luta pelo título.

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“Aconteceu um bocadinho de tudo no jogo. Falta de treinador, falta de discernimento. Uma entrada onde nos primeiros segundos sofremos um golo, empatámos, entre esse golo e o penálti do Pepe, houve algum desperdício, é o treinador que não percebe nada disto… No início do segundo tempo, depois de uma ou outra situação em que podíamos ter concluído com outro discernimento, tivemos também algum desacerto. Aqui, também é o treinador que não esteve bem naquilo que foi o equilíbrio defensivo da equipa”, começou por referir Sérgio Conceição após o encontro em Arouca na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Iniciámos o segundo tempo com uma situação com o Nico, em que é difícil acertar no guarda-redes mas oif isso que ele fez. Tenho de treinar mais com ele. O treinador também tem culpa nisso também. O 3-1 foi um excelente golo, o Arouca tem boas individualidades. Expusemo-nos de uma forma que não é normal, uma vez mais culpa minha em não precaver os jogadores. Enfim, um jogo em que houve mérito a defender do Arouca e pouco mérito do treinador do FC Porto em montar a estratégia para vencer o jogo”, acrescentou, antes de sair de rompante do espaço da flash interview sem responder a mais nenhuma pergunta.

“Faltou concluir de outra forma as jogadas para fazer golo e estar equilibrados defensivamente. Há demérito do treinador do FC Porto, que não soube planear em termos estratégicos. O trabalho da semana não foi suficiente para percebermos que há zonas proibidas para perder a bola. Temos de ser verdadeiros, sofremos um golo que não é normal, logo no princípio do jogo. Tivemos três oportunidades para fazer golo, na segunda parte tivemos uma oportunidade pelo Nico mas a culpa é do treinador. Temos de recuperar a equipa de outra forma no equilíbrio defensivo. Houve mérito do Arouca e demérito do treinador do FC Porto”, voltou a argumentar Sérgio Conceição mais tarde, na sala de imprensa do Municipal de Arouca.

Antes, também à SportTV, Pepe tinha admitido o jogo menos conseguido do FC Porto. “Não entrámos bem no jogo, o golo nos primeiros minutos reflete o que se passou. Tentámos, procurámos, estávamos avisados sobre estas transições do Arouca mas infelizmente não fomos capazes de fazer o que vínhamos a fazer. Pedir desculpa aos adeptos, têm razão em estar frustrados, também nos sentimos. Hoje faltou um pouco de todos nós, da equipa. Vamos suar a camisola, é o que vamos procurar fazer”, comentou o central.

“Quebra? É difícil por palavras falar de uma situação destas. É um momento muito delicado para nós. Estávamos a jogar bem, a praticar um bom futebol, mas hoje tínhamos que dar uma boa resposta, sabendo o resultado dos nossos adversários, mas não fomos capazes. Como jogadores, somos os principais culpados. Há que melhorar, olhar para dentro, porque os jogadores têm de ser capazes de representar esta grande equipa que é o FC Porto. Título mais difícil? Sendo honesto, obviamente que sim, é muito complicado, mas nunca desistimos e enquanto houver possibilidade vamos dar o nosso melhor, há que ter o espírito de equipa, humildade que tanto falo e nos momentos difíceis tentar alcançar os nossos objetivos”, concluiu o capitão.