Dormem no passeio e abrigam-se no meio das mochilas e dos pertences que trouxeram consigo do país de origem. Cerca de 20 requerentes de asilo estão, pelo menos, desde este domingo a passar o dia e as noites ao relento à frente da segunda loja da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), localizada na zona do Intendente, em Lisboa. Ao Observador, a agência disse que está a “envidar todos os esforços e diligências para encontrar a melhor solução para cada um” deles.

Segundo a mesma agência, os imigrantes são naturais da Gâmbia e do Senegal, tendo começado esta forma de protesto, por verem “os pedidos de proteção internacional que submeteram considerados infundados, por não cumprirem os requisitos legais”.

Os imigrantes têm estado a dormir na rua, ocupando quase na totalidade o passeio localizado à frente da AIMA. Mas, de acordo com a agência, tem sido “disponibilizado apoio em matéria de alimentação e alojamento, excecionalmente, enquanto se gere a articulação com as entidades de acolhimento”.

No entanto, a agência adiantou, sem avançar com uma possível justificação, que “uma parte significativa destes utentes têm recusado o apoio disponibilizado, designadamente de alojamento e de encaminhamento para outras respostas, permanecendo no local”.

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O Observador falou com alguns dos imigrantes presentes, que disseram não haver espaço suficiente dentro das instalações para todos dormirem e por isso é que alguns escolhem ficar na rua. Contudo, têm acesso a casas de banho e dizem estar a comer duas refeições por dia.

Apague, natural da Gâmbia, está, pelo menos, desde domingo junto à agência. Ao Observador conta que “não conhece ninguém em Portugal” e que não sabe o que fazer perante a recusa de asilo.

O imigrante afirma que veio para Portugal para arranjar trabalho e garante que não quer voltar ao país de origem.

Já em relação ao que os trouxe diretamente para Portugal, uma fonte familiarizada com o caso garantiu ao Observador que muitas pessoas podem ter sido influenciadas por vídeos na rede social Tik Tok.

De acordo com a mesma fonte, que falou sob a condição de anonimato, os vídeos em questão sugerem um facilitismo na entrada no país e na aceitação de requerimentos de asilo.

A agência disse também que deu “igualmente a possibilidade de atendimento especializado na Loja AIMA II para disponibilização de toda a informação sobre a situação em concreto, nomeadamente a referente à regularização em Portugal”. “Alguns deles têm marcação para novo atendimento presencial muito em breve”, acrescentou.

Ao Observador, fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa afirma que “só recebeu esta segunda-feira um pedido de apoio por parte da Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) – entidade da Administração Central com competência nesta matéria – para o acolhimento temporário de requerentes de proteção internacional”.

“Relembramos que a política de migrações é unicamente da competência do Governo e que este não descentralizou no Município de Lisboa as competências de ação social, ao contrário do que sucedeu com as demais autarquias”, aponta fonte do gabinete da vereadora Sofia Athayde.

Apesar disso, a CML garante que “está a trabalhar no sentido de responder a esta emergência e, neste momento, já garante uma resposta temporária de acolhimento para 20 migrantes, incluindo alimentação, higiene pessoal e cuidados de saúde, embora as situações descritas não reunissem critérios de enquadramento no Plano Municipal para o Acolhimento de Refugiados (PMAR)”.

Artigo atualizado às 15:00 com declarações de fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa.