Parecia ser uma questão de tempo até entrar um dos avançados de raiz que estavam no banco (Arthur Cabral e Marcos Leonardo, tendo em conta a ausência de Tengstedt por síndrome febril), foi uma questão de tempo até mostrar que às vezes não é necessário um ‘9’ para chegar à goleada. Apesar do nulo ao intervalo, Roger Schmidt acreditou no processo e o tempo acabou por dar-lhe razão, bastando apenas cinco minutos para o Benfica marcar três golos e lançar-se numa exibição conseguida que terminou em nova goleada, algo que já começa a tornar-se um hábito para os encarnados: das sete partidas que acabaram com triunfos folgados na Luz, seis aconteceram nos últimos dois meses. E, mais uma vez, com um herói improvável que com o tempo se tornou quase inevitável perante a multiplicação de números a nível de finalização: Rafa.

A trivela gourmet de Rafa fez um triunfo fast food antes das grandes refeições (a crónica do Benfica-Portimonense)

O Benfica somou o 22.º encontro consecutivo sem perder (com 16 vitórias e seis empates nessa série) e teve o nono triunfo seguido na Luz, algo que já não acontecia desde os tempos de Bruno Lage em 2019/20. Já o avançado português, que esta temporada decidiu renunciar à Seleção e está em final de contrato, continua a pulverizar todos os recordes pessoais da carreira, sendo que só nas últimas nove jornadas do Campeonato marcou oito golos e fez sete assistências, no equivalente a quase 50% dos golos marcados pelos encarnados nesse período. Esta noite, Rafa conseguiu também o primeiro bis da temporada, sendo que há mais de dois anos que o jogador não conseguia marcar dois golos e assistir na mesma partida. Entre esses registos, outro salta à vista: o atacante é o único entre as dez principais ligas europeias a ter mais de dez golos (12) e mais de dez assistências (11) apenas em encontros a contar para o Campeonato.

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“Ataque móvel? São diferentes opções. Há vários jogadores, muito bons mesmo. É preciso descobrir a melhor abordagem. Podemos jogar com um jogador fixo ou com um jogador mais rápido. Têm perfil mais de avançado centro ou ter o Rafa na zona central. O Rafa é perigoso pela rapidez, inteligência a ler o jogo e jogámos com uma posição de verdadeiro número 10. O Kökçü lê muito bem o jogo. Isso foi uma vantagem para a forma como jogámos hoje. Se abrirmos a defesa é importante termos um avançado referência mas quisemos outro tipo de futebol, mais perto da baliza, nos últimos 20/30 metros. Temos várias opções e quisemos desmontar o bloco deles”, explicou Roger Schmidt na conferência após o encontro.

“Fizemos um grande jogo esta noite. Nunca é fácil estarmos prontos para jogar no domingo depois de termos jogos internacionais a meio da semana mas dominámos o encontro. Precisámos de ter alguma paciência e tivemos de controlar os contra-ataques do Portimonense. Depois, fomos capazes de marcar três golos fantásticos em cinco minutos. Estivemos concentrados até ao final da partida. Gostei muito do nosso jogo hoje”, destacou o treinador no final do jogo à BTV. “Calendário com muitos jogos? Já estamos habituados a jogar de três em três dias. Os jogadores têm estado muito bem, na recuperação e no trabalho, e cada jogo é um desafio para nós, para mostrarmos o nosso trabalho e para ganharmos jogos”, acrescentou.

“Fizemos um grande jogo. Os jogadores divertiram-se por jogar no nosso estádio. Apanhámos uma equipa física, forte no contra-ataque. Foi desafiante desde o início, conseguimos passar um bloco compacto. Tivemos oportunidades suficientes na primeira parte e aumentámos a velocidade na segunda parte. Marcámos golos bonitos, fizemos três em cinco minutos e decidimos aí o jogo. Estivemos sempre à procura de mais e queríamos evitar sofrer golos. É sempre um desafio estar bem neste tipo de momentos. É preciso dar algum descanso aos jogadores, foi possível. Houve algum equilíbrio nas semanas anteriores e acho que estamos bem fisicamente. Se coletivamente estivermos bem isso ajuda no rendimento e na questão física. Só tivemos um jogador lesionado, o Bernat, temos o Bah e o Neres outra vez, há mais opções e com tantos jogos espaçados é importante estarmos sempre prontos. O Tengstedt teve uma gripe daí ficar fora”, referiu na conferência.

“Próxima jornada no Dragão? Jogar lá é sempre muito difícil. É uma grande equipa, jogam muito bem em casa, vimos a meio da semana no jogo com o Arsenal. Estamos num bom momento, vamos dar o nosso melhor para conseguir um bom resultado e jogarmos bem. Podemos ganhar muito, mas também o adversário. É um jogo especial, que é difícil. É especial. Antes temos o encontro com o Sporting [para a Taça de Portugal], muito importante para nós e também para a confiança. Estamos preparados para estes jogos”, concluiu Schmidt, na sequência de mais um empate dos dragões em Barcelos frente ao Gil Vicente.